Recapacitação é nova palavra-chave no mercado de trabalho
Institutos de formação profissional e empresas procuram soluções para combater a falta de mão de obra qualificada para as necessidades atuais
DEBATE A dependência cada vez maior das novas tecnologias abriu caminho, sem retorno, à transição digital. Empresas, instituições e cidadão comum têm de abraçar os desafios futuros e procurar soluções inovadoras. Ontem de manhã, em Valongo, no arranque da segunda edição do Switch to Innovation Summit, abordaram-se as mudanças no mercado de trabalho e a necessidade de o recapacitar para dar resposta às exigências.
“Há falta de talento não só em Portugal, mas em todo o lado. Precisamos de fazer mais qualquer coisa, ajudar as pessoas desempregadas ou em situação precária a requalificar competências de acordo com a necessidade do mercado”, apontou Manuel Garcia, coordenador do “Programa UPskill – Digital Skills & Jobs” da APDC.
Luís Manuel Ribeiro, coordenador do núcleo de formação da Delegação Regional do Norte do IEFP, também apontou o “reskilling” como o futuro. E explicou: “É preciso fazer o ‘matching’ entre as competências existentes e as necessidades do momento e requalificá-las. No ‘Reskilling for Employment’ criámos vários laboratórios, nos quais, em conjunto com as empresas, desenvolvemos programas específicos de formação à medida para colmatar essas falhas”.
Uma empresa que vê com bons olhos estes programas de formação profissional é a Farfetch, que até tem um programa de requalificação de seis meses de duração. No entanto, Madalena Ricou, especialista em aquisição de talentos, diversidade e inclusão da empresa, alerta para a necessidade de estes serem desenvolvidos em inglês. “É fundamental hoje em dia, pois somos uma empresa global. Há pessoas que apresentam todas as capacidades técnicas, mas falham nas linguísticas”, anota.
José Tavares, diretor de Soluções e Inovação da SAP Portugal, empresa de software de gestão, considera essencial a “constante de aprendizagem”. “As ‘upskills’ e as ‘reskills’ são fundamentais numa economia pós-pandemia e vão impactar-nos a todos. Mas capacidades técnicas há que chegue, faltam-nos é as ‘softskills’, isto é, a capacidade de empatia, de liderança e resolução de problemas”, completou.
TERCEIRO SETOR ABRANGIDO
A digitalização do terceiro setor foi outro dos temas analisados durante o primeiro dia de trabalhos pelo painel internacional composto por Joana Gameiro (ESLIDER), Gerlinde Schmidt (Euclid Network), Carol Jacklin-Jarvis (The Open University), e Ademar Aguiar (Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto).
Os representantes dos quatro organismos realçaram que os problemas são os mesmos nos vários países, pelo que é fundamental o trabalho em rede, no sentido de encontrar as melhores ferramentas comuns para avançar com a capacitação digital das instituições sociais.