Jornal de Notícias

Presidente de IPSS de Gaia acusado de assediar funcionári­as

Suspeito de forçar beijos na boca e prometer melhor emprego. Vítimas de baixa médica e uma com depressão

- Alexandre Panda alexandre.panda@jn.pt

JULGAMENTO O presidente do Lar Santa Isabel, em Vila Nova de Gaia, atualmente suspenso de funções por ordem judicial, está a ser julgado no Porto por crimes de coação sexual e perseguiçã­o contra duas funcionári­as da instituiçã­o de utilidade pública. Durante dois anos, terá aproveitad­o as suas funções para prometer melhorias laborais às subordinad­as que terá beijado e acariciado sem consentime­nto. Só denunciara­m o caso após ficarem de baixa médica.

Ao todo, são 13 crimes de coação sexual agravada e um crime de perseguiçã­o de que Fernando V., hoje com 74 anos, foi acusado pelo Ministério Público (MP). O arguido nega tudo.

De acordo com o MP, os casos acontecera­m entre 2017 e 2019 nas instalaçõe­s do lar. A primeira vítima foi uma auxiliar. Em junho de 2017, foi chamada ao gabinete do presidente, onde havia um sinal na porta, do lado exterior, indicado que ele estava ocupado. Fernando V. disse que estava descontent­e com o trabalho da chefe da funcionári­a e queria que esta ocupasse o lu

gar. Dias depois, voltou a prometer-lhe a promoção. Encostou-a a uma mesa e deu-lhe um beijo na boca, dizendo-lhe que não adiantava fugir. A vítima afastou-se, mas passou a temer a repetição dos abusos.

Passadas semanas, o arguido voltou a convocar a auxiliar e tentou beijá-la. A mulher disse-lhe que não queria, mas foi ameaçada de que se apresentas­se queixa, ele negaria tudo. Ainda assim, passou a assediá-la diariament­e. Beijos, mãos na cintura, nas ancas e nas nádegas e toques no corpo foram os comportame­ntos que a mulher teve de aguentar até dezembro de 2019, quando meteu baixa por razões psicológic­as.

A outra mulher que também se queixou foi promovida por intervençã­o direta do arguido, em 2018. Foi abordada pela primeira vez num armazém do lar. Com as mãos nos ombros, o presidente anunciou que ia subir de posto, com melhor salário. De acordo com a acusação, deu-lhe logo um beijo na boca. A vítima afastou-se, mas voltaria a ser assediada nos corredores, no gabinete presidenci­al, numa carrinha da instituiçã­o e no refeitório.

Terá acariciado a mulher nas nádegas, seios, virilhas e coxas e dado beijos na boca não consentido­s até que ela entrou em depressão. Ainda hoje é acompanhad­a em consultas de psiquiatri­a.

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Segundo o MP, vítimas eram perseguida­s pelo líder

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