Presidente de IPSS de Gaia acusado de assediar funcionárias
Suspeito de forçar beijos na boca e prometer melhor emprego. Vítimas de baixa médica e uma com depressão
JULGAMENTO O presidente do Lar Santa Isabel, em Vila Nova de Gaia, atualmente suspenso de funções por ordem judicial, está a ser julgado no Porto por crimes de coação sexual e perseguição contra duas funcionárias da instituição de utilidade pública. Durante dois anos, terá aproveitado as suas funções para prometer melhorias laborais às subordinadas que terá beijado e acariciado sem consentimento. Só denunciaram o caso após ficarem de baixa médica.
Ao todo, são 13 crimes de coação sexual agravada e um crime de perseguição de que Fernando V., hoje com 74 anos, foi acusado pelo Ministério Público (MP). O arguido nega tudo.
De acordo com o MP, os casos aconteceram entre 2017 e 2019 nas instalações do lar. A primeira vítima foi uma auxiliar. Em junho de 2017, foi chamada ao gabinete do presidente, onde havia um sinal na porta, do lado exterior, indicado que ele estava ocupado. Fernando V. disse que estava descontente com o trabalho da chefe da funcionária e queria que esta ocupasse o lu
gar. Dias depois, voltou a prometer-lhe a promoção. Encostou-a a uma mesa e deu-lhe um beijo na boca, dizendo-lhe que não adiantava fugir. A vítima afastou-se, mas passou a temer a repetição dos abusos.
Passadas semanas, o arguido voltou a convocar a auxiliar e tentou beijá-la. A mulher disse-lhe que não queria, mas foi ameaçada de que se apresentasse queixa, ele negaria tudo. Ainda assim, passou a assediá-la diariamente. Beijos, mãos na cintura, nas ancas e nas nádegas e toques no corpo foram os comportamentos que a mulher teve de aguentar até dezembro de 2019, quando meteu baixa por razões psicológicas.
A outra mulher que também se queixou foi promovida por intervenção direta do arguido, em 2018. Foi abordada pela primeira vez num armazém do lar. Com as mãos nos ombros, o presidente anunciou que ia subir de posto, com melhor salário. De acordo com a acusação, deu-lhe logo um beijo na boca. A vítima afastou-se, mas voltaria a ser assediada nos corredores, no gabinete presidencial, numa carrinha da instituição e no refeitório.
Terá acariciado a mulher nas nádegas, seios, virilhas e coxas e dado beijos na boca não consentidos até que ela entrou em depressão. Ainda hoje é acompanhada em consultas de psiquiatria.