Cartão furtado movimentou 67 mil euros em bar de alterne
Dona, companheiro, filho e funcionárias julgados no Porto
PROCESSO Um empresário que transportava no carro uma mala com o computador e um cartão bancário da empresa foi jantar a Matosinhos, mas não reparou que enquanto enchia o estômago lhe esvaziavam a bagageira. No outro dia de manhã, ficou siderado ao perceber que alguém tirara da sua conta 67 mil euros. O terminal ATM usado nas transferências era o do bar de alterne “Tropical II”. A vítima contou a história ontem, no tribunal de S. João Novo, onde estão a ser julgados a dona do bar, Celestina Pereira, o companheiro e o filho, além de três funcionárias e dois cúmplices de um esquema que as autoridades acreditam ter rendido meio milhão de euros, apesar de só ter sido possível identificar 36 vítimas, que ficaram sem mais de 250 mil euros. A maioria eram clientes.
TERMINAL “DAVA ERRO”
Para concretizar os golpes, diz o Ministério Público, funcionárias do bar ou conhecidas da dona criavam falsos perfis em sites de encontros. Faziam a vítima ir ao Porto e acabavam a “beber um copo” no bar. Quando ia pagar, era informado de que só o podia fazer com cartão. Pagava uma, duas, três e quatro vezes. Celestina ou o marido, Pedro, diziam que “dava erro” e teria de repetir o pagamento. Um que devia pagar 60 euros pagou quatro mil. “O bar tinha pouca luz”, explicam os arguidos.
As ameaças também davam lucro. Um homem que entrou para comprar uma garrafa de água, “de dois euros”, acabaria com uma faca colada às costas que só se afastou de si quando da sua conta saíram 17 mil euros. O grupo responde por roubo, burlas informáticas e branqueamento de capitais.