Instalação artística no Porto desagrada a moradores
Fartos do barulho provocado pela movida, afirmam que projeto na envolvente ao Largo Mompilher atrairá mais gente a uma zona já com forte pressão de animação noturna
BAIXA Alguns moradores e comerciantes da Rua da Picaria, Largo Mompilher, Rua da Conceição e Largo de Alberto Pimentel estão a contestar a instalação artística que a Câmara do Porto está a promover com o objetivo de dinamizar e dar visibilidade à atividade comercial desta zona da cidade, promovendo a atratividade e dinâmicas de consumo. Os residentes dizem que “já basta o barulho provocado pela movida” em cuja revisão participaram, e que não precisam “de mais gente numa área já bastante massacrada com a vida noturna”.
A iniciativa, intitulada de “The Square”, começa amanhã e decorrerá até 17 de setembro, tratando-se de uma instalação artística criada pelo arquiteto Nuno Pimenta num conceito já semelhante ao realizado em 2019 na Rua de Cedofeita e dois anos depois na Rua de Santa Catarina. “Esta zona já, por si só, atrai muita gente e não é preciso mais promoção. Isto só vai atrair mais frequentadores aos estabelecimentos durante a noite e gerar mais barulho”, considera Elisabete Neves, residente no largo onde os andaimes foram montados e que serão revestidos “numa instalação semelhante ao que fazia o artista Christo”.
“Isto não tem nada a ver com o regulamento mas apenas acho que esta é uma ideia infeliz, útil noutras zonas não tão dinamizadas comercialmente, mas não aqui tapando as fachadas e a escadaria que dão caráter e são imagem de marca ao largo”, diz o proprietário de um bar naquela área.
ALERTA DA CDU
Este descontentamento foi levantado na segunda-feira, durante a reunião do executivo camarário, pela vereadora da CDU, que ficou sem qualquer explicação uma vez que o vereador das Atividades Económicas, Ricardo Valente, não esteve presente. Anteontem, Ilda Figueiredo visitou o local e ouviu queixas quer de moradores quer de empresários da restauração. “Esta zona já tem sido muito sacrificada devido à movida e os moradores têm direito a mostrar o seu descontentamento”, diz a vereadora comunista.
Contactada pelo JN, a Autarquia explica, contudo, que “todos os moradores receberam, na sua caixa de correio, um ofício da Câmara do Porto que informava da iniciativa em causa, juntamente com o croqui, dias e horários de montagem, manutenções e desmontagem da instalação, bem como o contacto para esclarecimento de qualquer questão que pudesse surgir”. Da mesma forma foi contextualizado o comércio da zona, não só através de ofício entregue em mãos, mas também de visitas técnicas aos espaços com esplanada.
Em complemento, refere a Câmara, “todas as questões relacionadas com policiamento, proteção civil, limpeza e movida foram devidamente acauteladas e serão asseguradas”.