Casas destruídas e povoações evacuadas
Distritos de Santarém e Leiria foram os mais afetados. Autarcas descrevem situação “complicada” e “momentos de aflição”. Principais estradas cortadas
PREJUÍZOS O país continuou ontem a arder, registando com particular preocupação a evolução das chamas nos municípios de Ourém, Leiria, Pombal, Ansião e Alvaiázere, onde se registam danos materiais, com pessoas a serem retiradas das suas casas.
Pelas 19 horas ainda decorriam seis incêndios de um total de 120 ignições que foram incendiando Portugal ao longo do dia. Mobilizavam 1360 operacionais, 390 meios terrestres e 19 meios aéreos. A essa hora, foram acionados meios de reforço, incluindo 579 elementos dos corpos de bombeiros e dois pelotões com 44 militares.
André Fernandes, comandante nacional de Emergência e Proteção Civil, esperava que a noite permitisse “estabilizar ao máximo estes incêndios, que são de extrema violência, de uma complexidade enorme e com uma área afetada muito grande”. Mas adiantou que a prioridade passava por “salvar a vida das pessoas”.
As chamas que irromperam em Espite, Ourém, no distrito de Santarém, afetaram duas habitações e quatro anexos e motivaram evacuações preventivas em diversas localidades, nomeadamente Cumieira e Lavradio. Juntaram-se a 11 habitações, três anexos e uma oficina destruídos pelo fogo que começou quinta-feira em Cumeada, Ourém, e que já levou à retirada de 300 pessoas.
Ontem, no distrito de Leiria, em Alvaiázere, contou João Guerreiro, presidente da Câmara, a situação esteve “muito complicada”. Segundo o edil de Alvaiázere, “algumas habitações arderam e diversas localidades foram evacuadas”. Não se registaram feridos.
Em Leiria, o fogo que começou em Caranguejeira provocou danos numa vacaria em Machados e obrigou a evacuações preventivas nas localidades de Arneiro, Colmeia, Madalena e Figueiras.
Em Pombal, também no distrito de Leiria, já se contabilizam quatro habitações e uma rulote afetadas e mantêm-se as evacuações em Bairrada e Vale Perneto. O presidente da Câmara de Pombal, Pedro Pimpão, relatou que se viveram “momentos de aflição” no concelho, com as chamas a ameaçarem pessoas e várias habitações. “Estou no IC8 e já vi casas a serem destruídas pelas chamas”, descreveu, a propósito do incêndio que teve início sexta-feira e foi extinto mas que ontem se reacendeu.
TOLERÂNCIA ZERO
Várias estradas tiveram de ser cortadas durante a tarde. Foi o caso da A1, entre Leiria e Pombal, em ambos os sentidos. O IC2 foi cortado entre Barracão e Figueiras. O IC8 estava interdito entre Ramalhais e Ansião.
“Esta é uma situação extrema, uma situação meteorológica nunca experienciada no nosso país”, descreveu André Fernandes, apelando a que não se use fogo nestes dias e se adequem comportamentos. “Não se pode fazer fogo, não se pode usar maquinarias nos espaços florestais e rurais. Temos de as ignições”, disse o comandante nacional de Emergência e Proteção Civil, explicando que deve haver “tolerância zero ao uso do fogo”.