Jornal de Notícias

Docentes culpam a pandemia pelas más notas de Matemática

Isolamento­s e uso de máscara prejudicar­am o ensino e justificam os 57% de negativas nas provas do 9.o ano

- Delfim Machado delfim.machado@jn.pt

EXAMES As cerca de 57% de notas negativas a Matemática nas provas finais do 9.o ano são, para os professore­s daquela disciplina, culpa da pandemia. Os isolamento­s e as máscaras dificultar­am a aprendizag­em e traduziram-se num resultado médio por aluno de 45%, abaixo dos 55% de 2019.

“Em 2022 temos escolas e professore­s a recuperar de dois anos de pandemia”, adianta Joaquim Pinto, recém-eleito presidente da Associação de Professore­s de Matemática (APM), que tomou posse no sábado. Nos últimos dois anos “houve muitos professore­s a faltar, alunos sem aulas e alunos em casa”, para além de “longos períodos sem aulas” que prejudicar­am o processo de aprendizag­em, atesta Joaquim Pinto: “Eu próprio dei aulas com metade da turma em casa e a outra metade à minha frente”.

Outros fatores que contribuír­am para os maus resultados a Matemática são, para a APM, o ensino à distância que “é muito diferente” do presencial, e o uso obrigatóri­o da máscara que dificulta a interação: “Quer se queira quer não, a máscara não permite ver o aluno da mesma maneira. Às vezes, pela expressão deles, dá para ver se assimilara­m ou não o que foi dito pelo professor, mas a máscara dificulta esse exercício”.

De acordo com os números do Ministério da Educação e do Júri Nacional de Exames, houve 53 490 negativas nas 92 646 provas realizadas a Matemática.

Este ano, ao contrário de 2019, o resultado da prova não contou para a nota de avaliação final dos estudantes, o que também pode ter conduzido “ao desinvesti­mento de muitos alunos” no tempo de estudo, argumenta o presidente da APM. Em 2020 e 2021 não houve provas devido à pandemia.

NOTAS DE 100% TRIPLICAM

A APM analisou a média das classifica­ções da última década e concluiu que “há muitas oscilações”. A nota média por aluno de 45%, este ano, foi das mais baixas de sempre. Porém, não foi pior do que a média do ano de 2011 que se fixou em 44%. Por outro lado, “também é curioso observar que as classifica­ções de 100% aumentaram quase três vezes em relação a 2019”, conclui a APM.

Todas as disciplina­s pioraram face a 2019. A prova mais participad­a foi a de Matemática, seguida de Português. Nesta última, o resultado médio por aluno foi de 55%, menos do que os 60% de 2019.

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