Jornal de Notícias

Telescópio da NASA mostra as primeiras fotos

“James Webb” demorou 12 anos a ser feito e contém tecnologia portuguesa

- Guilherme Lopes sociedade@jn.pt

ESPAÇO A NASA divulgou ontem as primeiras imagens do Universo obtidas pelo telescópio espacial “James Webb”. As quatro imagens representa­m, cada uma, diferentes aspetos do espaço: um enxame de galáxias, um planeta fora do sistema solar que tem semelhança­s com o planeta Terra (exoplaneta), um cluster de galáxias, a morte de uma estrela e um “berçário” das estrelas. A cerimónia decorreu em diferentes países, envolvendo várias instituiçõ­es, e teve uma sessão aberta ao público em Lisboa, no Pavilhão do Conhecimen­to.

“Sessões como esta são uma forma de trazer a ciência às pessoas, especialme­nte quando se trata do telescópio James Webb. Um marco na astrofísic­a”, diz Ana Noronha, diretora-executiva da Ciência Viva.

Para explicar a importânci­a destas imagens, a Ciência Viva convidou vários investigad­ores. José Afonso, do Instituto de Astrofísic­a e Ciências do Espaço, afirma que o detalhe das imagens do telescópio são uma excelente notícia para o estudo do cosmos. “O James Webb pode, dentro de pouco tempo, dar-nos imagens de outras exoterras, que podem ter também água na atmosfera e, quem sabe, serem planetas habitados”, exemplific­a.

As imagens recolhidas pelo “James Webb” captam a luz das estrelas do Universo tal como era na altura do Big Bang, há mil milhões de anos. O telescópio consegue ver o que o olho humano não consegue, através de uma câmara de infraverme­lhos. O que permite visualizar buracos negros. “O que isto nos diz é que, mesmo em galáxias distantes, existem buracos negros. Esta informação permite-nos perceber como eles se formam”, conclui José Afonso.

CONTRIBUTO PORTUGUÊS

Lançado em dezembro de 2021, o telescópio “James Webb” é o resultado de 12 anos de pesquisa e preparação por parte da NASA, da Agência Espacial Europeia e da ESERO Portugal. O contributo da pesquisa europeia, na fase de preparação para o lançamento do telescópio, foi essencial para que o aparelho estivesse perfeitame­nte alinhado, o que fez aumentar o seu período de vida útil.

“É estimado que o James Webb tenha uma vida útil de cinco a dez anos”, afirma José Afonso. Tem 20 metros de diâmetro, com um espelho com oito metros.

É o sucessor formal do telescópio “Hubble”, lançado em 1990.

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O “berçário” das estrelas fotografad­o pelo telescópio

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