Telescópio da NASA mostra as primeiras fotos
“James Webb” demorou 12 anos a ser feito e contém tecnologia portuguesa
ESPAÇO A NASA divulgou ontem as primeiras imagens do Universo obtidas pelo telescópio espacial “James Webb”. As quatro imagens representam, cada uma, diferentes aspetos do espaço: um enxame de galáxias, um planeta fora do sistema solar que tem semelhanças com o planeta Terra (exoplaneta), um cluster de galáxias, a morte de uma estrela e um “berçário” das estrelas. A cerimónia decorreu em diferentes países, envolvendo várias instituições, e teve uma sessão aberta ao público em Lisboa, no Pavilhão do Conhecimento.
“Sessões como esta são uma forma de trazer a ciência às pessoas, especialmente quando se trata do telescópio James Webb. Um marco na astrofísica”, diz Ana Noronha, diretora-executiva da Ciência Viva.
Para explicar a importância destas imagens, a Ciência Viva convidou vários investigadores. José Afonso, do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, afirma que o detalhe das imagens do telescópio são uma excelente notícia para o estudo do cosmos. “O James Webb pode, dentro de pouco tempo, dar-nos imagens de outras exoterras, que podem ter também água na atmosfera e, quem sabe, serem planetas habitados”, exemplifica.
As imagens recolhidas pelo “James Webb” captam a luz das estrelas do Universo tal como era na altura do Big Bang, há mil milhões de anos. O telescópio consegue ver o que o olho humano não consegue, através de uma câmara de infravermelhos. O que permite visualizar buracos negros. “O que isto nos diz é que, mesmo em galáxias distantes, existem buracos negros. Esta informação permite-nos perceber como eles se formam”, conclui José Afonso.
CONTRIBUTO PORTUGUÊS
Lançado em dezembro de 2021, o telescópio “James Webb” é o resultado de 12 anos de pesquisa e preparação por parte da NASA, da Agência Espacial Europeia e da ESERO Portugal. O contributo da pesquisa europeia, na fase de preparação para o lançamento do telescópio, foi essencial para que o aparelho estivesse perfeitamente alinhado, o que fez aumentar o seu período de vida útil.
“É estimado que o James Webb tenha uma vida útil de cinco a dez anos”, afirma José Afonso. Tem 20 metros de diâmetro, com um espelho com oito metros.
É o sucessor formal do telescópio “Hubble”, lançado em 1990.