Filha de líder do Rio Ave diz que vive com “muito medo”
Relato emocionado em tribunal de episódios de violência pelos quais o pai está a ser julgado
JULGAMENTO “És uma chula, uma cabrita como a tua mãe”, “incompetente, falhada”, “corro contigo”. Os insultos começaram em 2016. Diana garante que os ouvia da boca do pai “a toda a hora”, na frente de funcionários, fornecedores, clientes. Ela era administradora do Santana Hotel & SPA, propriedade da família. O pai é o presidente do Rio Ave, António da Silva Campos. Por vezes “voavam” secretárias, nos dias “melhores” o porta-canetas. Três anos em que pensou “que morria”. Tinha “muito medo” e ainda tem.
O relato, ontem, sai-lhe entre soluços em tribunal, onde o pai está a ser julgado por sete crimes: perseguição agravada, injúrias e ofensas à integridade física à filha e ameaça agravada à ex-mulher e ao ex-cunhado. Quatro de dezembro de 2018. Hora de almoço. “Ele entra no meu gabinete completa
mente desvairado. Só dizia: ‘Eu mato-vos’. ‘Sois todos uma cambada de chulos’. Nem falei. Tentei sair. Empurrou-me contra a parede. Bati com a cabeça. Levantou o braço para me bater e eu, por instinto, pus o braço na frente da cara. Caí para cima da cadeira”. Fugiu, ajudada por funcionários. Foi a última vez que entrou no hotel.
Foi parar ao hospital. Diagnóstico? Esgotamento, depressão, ansiedade. Foram três anos de “humilhação e
permanente intimidação”, refere a acusação.
A jovem diz que tudo se agravou a partir de 2016, com os problemas financeiros no grupo Campos, a insolvência da ASC, o divórcio dos pais e as partilhas. O pai fazia de Diana “pombo-correio” das ameaças de morte à mãe e obrigava-a a “dar a cara” em reuniões por dívidas que desconhecia. “Se estivesse cansada era uma falhada”. Hoje, continua a ter medo, “muito medo”.