A importância do urbanismo
É muito frequente dizer-se que em Portugal não há planeamento, ou que se planeia mal. Mas, de facto, há muito planos e, nalguns casos, bom planeamento. Como em Santo Tirso que há século e meio era apenas uma rua, simultaneamente estrada, na ligação entre Guimarães e Porto. Na segunda metade do século XIX tudo mudou. Há um nome central: Manuel José Ribeiro, Conde de S. Bento, responsável por vários equipamentos e pelo Parque D. Maria II. O desenvolvimento fabril e, em 1883, a chegada do comboio fizeram o resto.
Em 1922, Marques da Silva define pela primeira vez um novo eixo E-W, que estabelece uma lógica de “cardus-decomanus”. É também ele que imagina o formidável belvedere com balaustrada, escadaria, jardim e azulejos que, ainda hoje, marca a praça Coronel Batista Coelho.
O anteplano de urbanização de 1944, de Rogério de Azevedo, acentua a importância do eixo, colocando a oriente os novos Paços do Concelho e a poente o mercado, que é erguido de imediato. Abre-se também a cidade a Monte Córdoba, Sra. da Assunção e à paisagem envolvente. Segue-se Miguel Rezende (em 1947), que estabelece em definitivo que Santo Tirso não mais será um eixo, mas uma malha urbana alargada e densa.
O prédio dos Paços do Concelho será inaugurado apenas em 1975, resultando do plano parcial de Agostinho Ricca e Benjamim do Carmo, iniciado em 1959, como interessante expressão do modernismo, na imagem, como na clara separação da forma e dos usos do rés do chão face aos demais pavimentos.
Mas, tudo ficaria incompleto sem uma referência às últimas décadas e ao papel de Nuno Portas, Manuel Fernandes Sá e António Babo que se sente, designadamente, no conforto das pessoas que vivem e circulam no espaço público. Parabéns Santo Tirso!