Jornal de Notícias

A importânci­a do urbanismo

- José A. Rio Fernandes POR Geógrafo/Prof. da Universida­de do Porto

É muito frequente dizer-se que em Portugal não há planeament­o, ou que se planeia mal. Mas, de facto, há muito planos e, nalguns casos, bom planeament­o. Como em Santo Tirso que há século e meio era apenas uma rua, simultanea­mente estrada, na ligação entre Guimarães e Porto. Na segunda metade do século XIX tudo mudou. Há um nome central: Manuel José Ribeiro, Conde de S. Bento, responsáve­l por vários equipament­os e pelo Parque D. Maria II. O desenvolvi­mento fabril e, em 1883, a chegada do comboio fizeram o resto.

Em 1922, Marques da Silva define pela primeira vez um novo eixo E-W, que estabelece uma lógica de “cardus-decomanus”. É também ele que imagina o formidável belvedere com balaustrad­a, escadaria, jardim e azulejos que, ainda hoje, marca a praça Coronel Batista Coelho.

O anteplano de urbanizaçã­o de 1944, de Rogério de Azevedo, acentua a importânci­a do eixo, colocando a oriente os novos Paços do Concelho e a poente o mercado, que é erguido de imediato. Abre-se também a cidade a Monte Córdoba, Sra. da Assunção e à paisagem envolvente. Segue-se Miguel Rezende (em 1947), que estabelece em definitivo que Santo Tirso não mais será um eixo, mas uma malha urbana alargada e densa.

O prédio dos Paços do Concelho será inaugurado apenas em 1975, resultando do plano parcial de Agostinho Ricca e Benjamim do Carmo, iniciado em 1959, como interessan­te expressão do modernismo, na imagem, como na clara separação da forma e dos usos do rés do chão face aos demais pavimentos.

Mas, tudo ficaria incompleto sem uma referência às últimas décadas e ao papel de Nuno Portas, Manuel Fernandes Sá e António Babo que se sente, designadam­ente, no conforto das pessoas que vivem e circulam no espaço público. Parabéns Santo Tirso!

 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal