A droga levou “Vitinho” das bicicletas para os assaltos a carros
Dependência desviou jovem maiato “influenciável” que acabou sempre por sucumbir ao vício
VIDA Antes de ser o “Rei dos Catalisadores”, Vítor Macedo foi o “Vitinho”, uma criança feliz que gostava de conviver e, como tinha jeito para isso, de consertar as bicicletas dos amigos, na Maia, de onde é natural e onde a família tinha uma vivenda. Foi educado com os valores do respeito, da família e do trabalho. Mas ele e os três irmãos perderam bem cedo o pai, que passou grande parte da vida emigrado em Angola. Uma perda irreparável que nunca superou e que pode, segundo amigos de infância com quem o JN falou, ajudar a explicar os desvios que o levaram à toxicodependência e à vida marginal.
Um pouco rebelde, mas sempre amigo das pessoas, ligou-se, por volta dos 19 anos, a más companhias e começou a fumar canábis. Descrito como influenciável, Vítor não soube “parar as asneiras a tempo” de se livrar do vício da droga, que hoje alimenta com furtos diários e que lhe valeram a alcunha de “Rei”.
Começou cedo a trabalhar numa fábrica de transformação de mármores e os patrões gostavam muito dele. Muito habilidoso, subiu na empresa, sempre com a consideração e reconhecimento de quem o empregava. Mas o vício começou a levá-lo a faltar sem apresentar qualquer justificação válida.
Segundo as mesmas fontes, a família apercebeu-se de que “Vitinho” andava “metido na droga”, já a consumir cocaína ou a heroína, e tudo fez para o levar a largar a adição. Tentaram reabilitação, desintoxicação e afastá-lo das “más companhias”. Mas o vício era sempre mais forte. Resilientes, levaram-no para o Canadá, onde esteve cerca de um ano e onde nunca teve a sombra de um problema. Quando regressou ao Grande Porto, voltou à má vida.
Mais consumo e mais marginalidade conduziram-no aos furtos diários de combustível, de carros ou de catalisadores, sempre sem violência. Em casa, nunca roubou o que fosse para alimentar o vício.
SEM VIOLÊNCIA
“Nunca foi violento, nem com a família, nem com os amigos e mesmo quando vai roubar, nunca agride ninguém. Ele tem é que se tratar, abandonar o vício. A família quer ajudá-lo, mas ele não deixa, embora já reconheça que tem um problema”, conta um amigo. “Antigamente, ele dizia que conseguia parar de tomar droga quando quisesse. Tem de haver um juiz que olhe para o caso dele e o mande internar”, acrescenta, criticando as autoridades por alegadas violências. “Ele já foi espancado por polícias e até teve de ser internado. Ele pode merecer ser preso, mas não agredido. Ficou a coxear desde essa agressão”, assegura.