Jornal de Notícias

A droga levou “Vitinho” das bicicletas para os assaltos a carros

Dependênci­a desviou jovem maiato “influenciá­vel” que acabou sempre por sucumbir ao vício

- PERFIL ALEXANDRE PANDA

VIDA Antes de ser o “Rei dos Catalisado­res”, Vítor Macedo foi o “Vitinho”, uma criança feliz que gostava de conviver e, como tinha jeito para isso, de consertar as bicicletas dos amigos, na Maia, de onde é natural e onde a família tinha uma vivenda. Foi educado com os valores do respeito, da família e do trabalho. Mas ele e os três irmãos perderam bem cedo o pai, que passou grande parte da vida emigrado em Angola. Uma perda irreparáve­l que nunca superou e que pode, segundo amigos de infância com quem o JN falou, ajudar a explicar os desvios que o levaram à toxicodepe­ndência e à vida marginal.

Um pouco rebelde, mas sempre amigo das pessoas, ligou-se, por volta dos 19 anos, a más companhias e começou a fumar canábis. Descrito como influenciá­vel, Vítor não soube “parar as asneiras a tempo” de se livrar do vício da droga, que hoje alimenta com furtos diários e que lhe valeram a alcunha de “Rei”.

Começou cedo a trabalhar numa fábrica de transforma­ção de mármores e os patrões gostavam muito dele. Muito habilidoso, subiu na empresa, sempre com a consideraç­ão e reconhecim­ento de quem o empregava. Mas o vício começou a levá-lo a faltar sem apresentar qualquer justificaç­ão válida.

Segundo as mesmas fontes, a família apercebeu-se de que “Vitinho” andava “metido na droga”, já a consumir cocaína ou a heroína, e tudo fez para o levar a largar a adição. Tentaram reabilitaç­ão, desintoxic­ação e afastá-lo das “más companhias”. Mas o vício era sempre mais forte. Resiliente­s, levaram-no para o Canadá, onde esteve cerca de um ano e onde nunca teve a sombra de um problema. Quando regressou ao Grande Porto, voltou à má vida.

Mais consumo e mais marginalid­ade conduziram-no aos furtos diários de combustíve­l, de carros ou de catalisado­res, sempre sem violência. Em casa, nunca roubou o que fosse para alimentar o vício.

SEM VIOLÊNCIA

“Nunca foi violento, nem com a família, nem com os amigos e mesmo quando vai roubar, nunca agride ninguém. Ele tem é que se tratar, abandonar o vício. A família quer ajudá-lo, mas ele não deixa, embora já reconheça que tem um problema”, conta um amigo. “Antigament­e, ele dizia que conseguia parar de tomar droga quando quisesse. Tem de haver um juiz que olhe para o caso dele e o mande internar”, acrescenta, criticando as autoridade­s por alegadas violências. “Ele já foi espancado por polícias e até teve de ser internado. Ele pode merecer ser preso, mas não agredido. Ficou a coxear desde essa agressão”, assegura.

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