Testam vigilância com foguetes para meter droga nas cadeias
Arremessos de pacotes com droga e telemóveis para o interior das cadeias aumentam. Falta de guardas facilita
FENÓMENO A falta de vigilância está a levar a que cada vez mais embrulhos com droga, telemóveis e outros objetos proibidos sejam lançados para o interior das cadeias, para posterior recolha pelos reclusos. Para perceber se o local de lançamento está a ser vigiado e para avisar o destinatário da entrega são lançados foguetes junto aos muros das prisões.
Fonte prisional garante ao JN que têm sido detetados, quase todas as semanas, pacotes com droga e outros artigos no perímetro dos estabelecimentos prisionais. Só num desses pacotes, detetado na semana passada, na cadeia de Custóias, em Matosinhos, havia meio quilo de haxixe, quantidade de droga considerável para o contexto prisional.
Esta encomenda, como tantas outras, foi lançado do exterior da cadeia e caiu na pista, com uma largura de seis, sete metros, que separa a última vedação deste estabelecimento prisional do muro que delimita o edifício. A intenção era que fosse recolhido pelos presos que, no âmbito das suas funções laborais, têm acesso àquele local e levado para as celas, onde droga e telemóveis são vendidos a preços exorbitantes.
A Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais refere que “têm sido detetados, no momento em que têm lugar, alguns arremessos de objetos para o interior do estabelecimento prisional do Porto”. “Objetos estes que têm sido, naturalmente apreendidos e, sempre que contêm produtos presumivelmente estupefaciente, encaminhados para análise no laboratório da Polícia Judiciária”, acrescenta.
O aumento do fenómeno é justificado por outras fontes com a diminuição de guardas afetos à vigilância do espaço exterior das prisões. Esta lacuna já foi notada pelos próprios reclusos e por quem tenta fazer-lhes chegar a droga e os telemóveis e todos tentam aproveitar a ausência de homens nas torres de vigilância.
Uma das estratégias destes grupos organizados passa por lançar pequenas caixas com 12 a 16 foguetes junto aos muros das cadeias e esperar. “Se algum guarda for ao local averiguar o que se passou, o lançamento é abortado. Mas se ninguém sair da cadeia fica-se a saber que a costa está livre e o pacote é arremessado”, descreve uma das fontes.
O barulho dos foguetes a rebentar serve, ainda, para alertar os reclusos de que a encomenda foi atirada e no dia seguinte podem tentar recolhê-la. “Para evitar que isto aconteça, tentamos fazer uma vistoria ao espaço antes da abertura das celas. Mas nem sempre isso é possível”, alerta.