Jornal de Notícias

Testam vigilância com foguetes para meter droga nas cadeias

Arremessos de pacotes com droga e telemóveis para o interior das cadeias aumentam. Falta de guardas facilita

- Roberto Bessa Moreira roberto.moreira@jn.pt

FENÓMENO A falta de vigilância está a levar a que cada vez mais embrulhos com droga, telemóveis e outros objetos proibidos sejam lançados para o interior das cadeias, para posterior recolha pelos reclusos. Para perceber se o local de lançamento está a ser vigiado e para avisar o destinatár­io da entrega são lançados foguetes junto aos muros das prisões.

Fonte prisional garante ao JN que têm sido detetados, quase todas as semanas, pacotes com droga e outros artigos no perímetro dos estabeleci­mentos prisionais. Só num desses pacotes, detetado na semana passada, na cadeia de Custóias, em Matosinhos, havia meio quilo de haxixe, quantidade de droga consideráv­el para o contexto prisional.

Esta encomenda, como tantas outras, foi lançado do exterior da cadeia e caiu na pista, com uma largura de seis, sete metros, que separa a última vedação deste estabeleci­mento prisional do muro que delimita o edifício. A intenção era que fosse recolhido pelos presos que, no âmbito das suas funções laborais, têm acesso àquele local e levado para as celas, onde droga e telemóveis são vendidos a preços exorbitant­es.

A Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais refere que “têm sido detetados, no momento em que têm lugar, alguns arremessos de objetos para o interior do estabeleci­mento prisional do Porto”. “Objetos estes que têm sido, naturalmen­te apreendido­s e, sempre que contêm produtos presumivel­mente estupefaci­ente, encaminhad­os para análise no laboratóri­o da Polícia Judiciária”, acrescenta.

O aumento do fenómeno é justificad­o por outras fontes com a diminuição de guardas afetos à vigilância do espaço exterior das prisões. Esta lacuna já foi notada pelos próprios reclusos e por quem tenta fazer-lhes chegar a droga e os telemóveis e todos tentam aproveitar a ausência de homens nas torres de vigilância.

Uma das estratégia­s destes grupos organizado­s passa por lançar pequenas caixas com 12 a 16 foguetes junto aos muros das cadeias e esperar. “Se algum guarda for ao local averiguar o que se passou, o lançamento é abortado. Mas se ninguém sair da cadeia fica-se a saber que a costa está livre e o pacote é arremessad­o”, descreve uma das fontes.

O barulho dos foguetes a rebentar serve, ainda, para alertar os reclusos de que a encomenda foi atirada e no dia seguinte podem tentar recolhê-la. “Para evitar que isto aconteça, tentamos fazer uma vistoria ao espaço antes da abertura das celas. Mas nem sempre isso é possível”, alerta.

 ?? ?? Pacotes são lançados do exterior da cadeia de Custóias
Pacotes são lançados do exterior da cadeia de Custóias

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal