Inflação acelera corrida às marcas brancas
Só em julho, famílias gastaram mais 13% no grande consumo. Foi a maior subida do ano
Os gastos nos supermercados continuam a crescer, atingindo já, nos primeiros sete meses do ano, quase seis mil milhões de euros, mais 5,8% face ao ano anterior. Mas, só em julho, as vendas no retalho alimentar cresceram 12,9%, o maior acréscimo desde o início do ano, empurradas pelo efeito inflação, que atingiu os 9,1%. As marcas da distribuição cresceram 22,1% contra os 7,5% das marcas de fabricantes.
Os dados são dos Scantrends da NielsenIQ e mostram um agravamento acentuado das vendas em valor nos híper e supermercados. O setor arrancou em linha com o ano anterior, em janeiro, e caiu 1% em fevereiro. Março e abril foram meses de 3,8% e 5,8% de crescimento, enquanto em maio a variação disparou: 10,4%. Em junho foi de 8,6% e em julho de 12,9%. No acumulado do ano, os portugueses já deixaram nos supermercados mais 326 milhões de euros do que no mesmo período do ano passado.
Com a inflação na alimentação nos 13,9%, é fácil de perceber que os portugueses deixam mais dinheiro no supermercado, mas trazem menos compras. E optam, crescentemente, pelos produtos de marca própria, as chamadas marcas brancas, como forma de pouparem algum dinheiro.
Uma tendência que já vem de trás, com as marcas de distribuição a crescerem a dois dígitos desde março. Em julho, aumentaram 22,1%, face ao período homólogo, no total dos bens de grande consumo, mas cresceram 23,4% nos produtos alimentares.
PROCURA DE CONGELADOS
Significa que a quota das marcas brancas, no segmento da alimentação, é já de 46%, ou seja, quase cinco em cada dez artigos comprados são de marcas da distribuição. É nos congelados que as famílias portuguesas mais compram marcas brancas: a quota é de 54,9% e está 2,4 pontos percentuais acima do período homólogo. Nos artigos de mercearia, a subida foi idêntica, com a quota total a pesar já 46,7%. A quota menor é a dos laticínios, onde as marcas próprias valem 40,5%, mas foi no segmento alimentar onde este tipo de produtos mais cresceu, com um aumento de 3,7 pontos percentuais, face a 2021.
Nos artigos de higiene, as marcas brancas pesam 33,2% do mercado e, nas bebidas, ficam-se pelos 20,2%. Mas estão a crescer a dois dígitos em todos os segmentos de produtos.