Jornal de Notícias

Viúvo acusa hospital de ocultar morte da mulher em incêndio

S. João rejeita responsabi­lidade e afirma que doente morreu em consequênc­ia da doença e não do fogo

- Ana Carla Rosário acarla@jn.pt

José Carneiro Torres, 71 anos, não se conforma com a morte da mulher, que estava internada em Pneumologi­a do Hospital de S. João quando aconteceu um incêndio num quarto que causou a morte direta a dois homens. O viúvo afirma que Maria Celeste de Sousa Carvalho, 70 anos, estava no quarto ao lado do que ardeu e que não só ficou “com queimadura­s na face” como terá sofrido uma lesão cerebral em consequênc­ia do acidente que lhe provocaria a morte meses depois.

“Ela ia sair no dia 21 de dezembro, só lá pernoitou porque ia fazer uma biópsia aos pulmões dois dias depois”, após os médicos terem descoberto uma massa suspeita, conta João Torres, de Ermesinde, Valongo.

No dia 19, recorda, tentou ligar para o serviço onde a mulher estava internada a meio da tarde e ninguém respondeu. Cerca das 19 horas viu as imagens televisiva­s e falou com o filho. Dirigiram-se ao hospital, onde um médico os terá levado à Urgência e lhes mostrou a mulher e outros doentes ligados ao oxigénio.

“Ela tinha a face e o cabelo queimados e embora não lhe tenha visto os pés, os chinelos estavam queimados.” Foi levada para o piso de Queimados onde o viúvo a viu “vegetar, nunca mais recuperou”. Às quatro da madrugada do dia 9 de fevereiro passado, foi comunicada a sua morte. “Depois ninguém falou connosco.”

ESPERA INVESTIGAÇ­ÃO

Inconforma­do, e sempre com o apoio do filho e da nora, apresentou queixa na PJ e entregou o caso a um advogado que disse ao JN que ainda não avançou com um eventual processo judicial contra o hospital porque espera resposta da investigaç­ão feita pelo Departamen­to de Investigaç­ão e Ação Penal do Porto e da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde.

Questionad­a pelo JN, fonte do hospital informou que “não possui conhecimen­to de nenhuma ação em tribunal neste âmbito”, tendo apenas havido um pedido de informação de um advogado, “que foi respondido em tempo pelo diretor de Pneumologi­a, que reconhecia que a morte se verificou devido à sua doença de base e não ao incêndio”.

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José Carneiro Torres quer apurar responsabi­lidades na morte da esposa

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