Um espaço em branco na saúde
Recentemente foram assinalados 10 milhões de procedimentos realizados por robots cirúrgicos em todo o Mundo. Aprovados há mais de 20 anos, existem perto de 7000 equipamentos instalados em 67 países e mais de 55 mil cirurgiões treinados.
Significa cirurgia menos invasiva, mais rápida recuperação, melhor experiência para os doentes e mais segurança e satisfação dos profissionais.
Os cirurgiões têm obrigatoriamente de ser treinados nestas plataformas e irão escolher as unidades hospitalares que possam disponibilizar estas tecnologias. Cativar novos médicos não passa apenas pelas questões financeiras, é necessário oferecer projetos de desenvolvimento profissional.
Em todo o Mundo o crescimento tem sido exponencial. Vários países possuem planos nacionais para capacitar os seus sistemas de saúde. Só em Espanha já se aproximam das 100 unidades.
Portugal não possui uma reflexão, uma estratégia, uma visão. Apenas um equipamento no SNS, em Lisboa, doado por uma fundação. Existem, por outro lado, vários destes equipamentos em hospitais privados. No passado, as novas tecnologias emergiam primeiro no SNS. Agora é o inverso.
Os hospitais públicos terão de os adquirir de forma isolada, sem financiamento, quando era mais económico compras conjuntas, sob um plano que desenhasse de forma ponderada onde e como desenvolver esta abordagem. Estamos a falar de aparelhos que custam milhões de euros, na aquisição e operação, cuja distribuição deveria ser efetuada em função do valor que aportam e de forma equitativa em todo o país. A inclusão e a coesão territorial passam obrigatoriamente pela diferenciação e desenvolvimento do SNS.
Trata-se do estado da arte na cirurgia. Estamos atrasados uma década em relação a toda a Europa. Significa o comprometimento das futuras gerações de portugueses.
Em relação à necessidade da robotização cirúrgica, apenas conhecemos um espaço em branco, que talvez um destes dias seja preenchido por mais uma comissão. Quanto aos doentes, que não possuem capacidade para ir ao privado, e que gostariam de ser operados em hospitais públicos, por excelentes cirurgiões, através desta tecnologia, terão mesmo de esperar.
Infelizmente a inovação ainda não faz parte do léxico das políticas públicas de saúde.
Em relação à necessidade da robotização cirúrgica, apenas conhecemos um espaço em branco, que talvez um destes dias seja preenchido por mais uma comissão