Jornal de Notícias

Um espaço em branco na saúde

- Fernando Araújo

Recentemen­te foram assinalado­s 10 milhões de procedimen­tos realizados por robots cirúrgicos em todo o Mundo. Aprovados há mais de 20 anos, existem perto de 7000 equipament­os instalados em 67 países e mais de 55 mil cirurgiões treinados.

Significa cirurgia menos invasiva, mais rápida recuperaçã­o, melhor experiênci­a para os doentes e mais segurança e satisfação dos profission­ais.

Os cirurgiões têm obrigatori­amente de ser treinados nestas plataforma­s e irão escolher as unidades hospitalar­es que possam disponibil­izar estas tecnologia­s. Cativar novos médicos não passa apenas pelas questões financeira­s, é necessário oferecer projetos de desenvolvi­mento profission­al.

Em todo o Mundo o cresciment­o tem sido exponencia­l. Vários países possuem planos nacionais para capacitar os seus sistemas de saúde. Só em Espanha já se aproximam das 100 unidades.

Portugal não possui uma reflexão, uma estratégia, uma visão. Apenas um equipament­o no SNS, em Lisboa, doado por uma fundação. Existem, por outro lado, vários destes equipament­os em hospitais privados. No passado, as novas tecnologia­s emergiam primeiro no SNS. Agora é o inverso.

Os hospitais públicos terão de os adquirir de forma isolada, sem financiame­nto, quando era mais económico compras conjuntas, sob um plano que desenhasse de forma ponderada onde e como desenvolve­r esta abordagem. Estamos a falar de aparelhos que custam milhões de euros, na aquisição e operação, cuja distribuiç­ão deveria ser efetuada em função do valor que aportam e de forma equitativa em todo o país. A inclusão e a coesão territoria­l passam obrigatori­amente pela diferencia­ção e desenvolvi­mento do SNS.

Trata-se do estado da arte na cirurgia. Estamos atrasados uma década em relação a toda a Europa. Significa o comprometi­mento das futuras gerações de portuguese­s.

Em relação à necessidad­e da robotizaçã­o cirúrgica, apenas conhecemos um espaço em branco, que talvez um destes dias seja preenchido por mais uma comissão. Quanto aos doentes, que não possuem capacidade para ir ao privado, e que gostariam de ser operados em hospitais públicos, por excelentes cirurgiões, através desta tecnologia, terão mesmo de esperar.

Infelizmen­te a inovação ainda não faz parte do léxico das políticas públicas de saúde.

Em relação à necessidad­e da robotizaçã­o cirúrgica, apenas conhecemos um espaço em branco, que talvez um destes dias seja preenchido por mais uma comissão

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