Jornal de Notícias

No fio da navalha

- Miguel Guedes POR Adepto do F. C. Porto O AUTOR ESCREVE SEGUNDO A ANTIGA ORTOGRAFIA

Ganhar um jogo ao minuto 90 são mais do que três pontos. É escapar a perder dois, é ter estrelinha de campeão, é cimentar a fé na ideia de que tudo é possível até ao minuto derradeiro, é alertar para tudo o que deveria ter sido feito para que não se sofresse até ao fim. É um alerta e uma alegria imensa. É um toque a reunir e um grito conjunto. O golo de Marcano colocou justiça no resultado de um jogo onde a justiça podia não ser decisiva para nada. Com poucas oportunida­des, com bastante desacerto, valeu ao F. C. Porto ter tentado tudo e de todas as formas para sair de Vizela com a vitória. Nem sempre bem, raramente da melhor forma.

A entrada de Galeno mexeu com o jogo, muito por culpa da sua irreverênc­ia e por não ter receio de correr riscos. É no fio da navalha que Galeno joga o seu futebol quando não tem espaços. Desta vez, sem eles, foi sempre corajoso e saiu-se bem à custa da sua inegável qualidade técnica, com uma assistênci­a à medida para Marcano, tendo ficado muito perto do golo num remate bem colocado, com assinatura. A moralizaçã­o que este jogo certamente lhe trará, se sustentada em trabalho sério e focado durante a semana, pode fazer de Galeno uma das peças-chave para o clássico com o Sporting no Dragão. A antecipaçã­o de um clássico à 3.a jornada só se pode fazer à conta do pouco que se viu. Nenhuma das equipas parece ter perdido o “élan” que lhes permite lutar pelo título. O ataque móvel dos leões terá de merecer a atenção especial de Sérgio Conceição. Mas a consistênc­ia competitiv­a deste F. C. Porto, mesmo que em reconstruç­ão, pode colocar a diferença em cinco saborosos pontos. Na recta inicial da Liga, é uma fasquia.

O regresso de Otávio era esperado, mas surgiu do banco. Nuclear pela sua influência como dínamo do meio-campo, é o único que pode ocupar várias posições no mesmo, recuperand­o dinâmicas que se perderam com as saídas de Vitinha e Fábio Vieira. Às vezes, é ele mesmo e cada um deles.

Era grande a dificuldad­e do jogo em Vizela, onde os aclamados “grandes” poderão perder pontos. Estando disso ciente, a forma “pouco avisada” como a equipa entrou na 1.a parte foi um mau sinal sobre a percepção das dificuldad­es que a esperam a cada jornada.

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