No Minho sabe melhor
O Minho é uma espécie de Portugal comprimido que reproduz as diversidades sociais, económicas, ideológicas e políticas do país. Embora com traços comuns, aqui a comunidade vive-se cidade a cidade e, muitas vezes, lugar a lugar. Esse bairrismo, tantas vezes salutar e algumas pernicioso, também se sente na peculiaridade do apoio aos clubes minhotos. Os clubes no Minho são porta-estandartes do sentir coletivo de cada uma das suas comunidades. E como é bom partilhar as alegrias e as tristezas do desporto com os nossos vizinhos, com os nossos colegas de trabalho ou, simplesmente, com aqueles com que nos cruzamos nas praças, nas ruas ou nas deslocações até ao estádio.
É por isso que um jogo entre clubes do Minho é sempre especial. A festa começou com os adeptos bracarenses a esgotarem em minutos os bilhetes que lhe estavam destinados. Havia em Braga uma ansiedade que não era alheia às dificuldades que as deslocações a Famalicão nos trouxeram ao longo dos últimos anos. Artur Jorge recordou-nos que a última vitória tinha acontecido em 1967. Era muito tempo sem vencer no terreno vizinho, embora os desencontros tenham sido mais que muitos devido à ausência prolongada do Famalicão da Liga principal.
No campo, um agradável desfecho para o Braga. Mais do que um respirar de alívio, a vitória contundente sobre o Famalicão insuflou este Braga de esperança. Ainda é certamente cedo, mas as primeiras exibições parecem dissipar as dúvidas que pairavam sobre a capacidade de Artur Jorge. E também para confirmar a vontade que Banza, Al Musrati e companhia têm de desafiar a supremacia bafienta que domina o futebol português.
O apoio dos adeptos bracarenses ao Gil Vicente e ao Vitória de Guimarães nas suas partidas europeias é um bom prenúncio para uma convivência mais pacífica e saudável.
O jogo de Leiria é uma grave distorção da verdade desportiva. A hegemonia de três é a principal causa da decadência do futebol nacional.