Marinha trava trasfega de crude em alto-mar
Águas ao largo de Portugal têm sido utilizadas para escoar petróleo russo em direção ao Oriente
A Marinha impediu, anteontem, que dois navios realizassem uma trasfega de crude, dentro da Zona Económica Exclusiva (ZEE) portuguesa, a cerca de 370 quilómetros da Madeira. Há registo de trasfegas semelhantes, ao largo de Portugal, entre embarcações com petróleo russo e navios chineses.
O NRP Mondego interpelou os navios Cristal Rose e Natalina 7, ambos de pavilhão do Panamá, mas com proprietários das ilhas Marshall e da China, respetivamente, que se encontravam “sem seguimento, perto do limite noroeste da ZEE da Madeira. “Estes navios aparentavam um padrão de navegação que indiciava preparativos para a prática de abastecimento no mar e trasfega de crude entre navios”, explica a Marinha em comunicado.
O navio Cristal Rose assumiu que se encontrava a aguardar instruções para realizar a atividade de trasfega de crude, tendo-lhe sido comunicado que Portugal “não autoriza a realização de atividades de reabastecimento na Zona Económica Exclusiva nacional, pois acarretam um risco potencial para a ocorrência de poluição no mar”. Após a comunicação, o navio afastou-se e deslocou-se em direção a Gibraltar. O “Natalina 7” também foi avisado e saiu das águas de jurisdição portuguesa, mantendo um rumo oeste.
Segundo notícias recentes da agência Bloomberg e do jornal especializado “Lloyd’s List”, têm-se registado várias trasfegas em alto-mar, entre navios que transportam crude de origem russa e navios chineses, de forma a contornar as sanções económicas. Muitas destas trocas, arriscadas para o ambiente, têm sido realizadas ao largo de Portugal, mas fora da Zona Económica Exclusiva nacional.