Jornal de Notícias

Investimen­tos suspensos à espera da revisão da lei

Mudanças deverão obrigar a celebrar contrato de trabalho entre operadores e motoristas, o que não agrada a todos

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DEBATE A revisão da lei n.o 45/2018 deverá ser uma das prioridade­s na retoma do Parlamento após as férias e poderá responder a algumas das reivindica­ções de operadores e motoristas. A Autoridade da Mobilidade e dos Transporte­s (AMT) defende a exigência de contrato laboral para os motoristas.

Uma das propostas da AMT que não colhe o aplauso unânime de operadores e motoristas é a obrigatori­edade de celebração de contratos de trabalho entre os operadores de TVDE e os seus motoristas. “Os operadores não sabem se a lei vai exigir contrato com os motoristas, por isso estão a adiar investimen­tos”, adiantou Pedro Jordão, vice-presidente da Associação Nacional Movimento TVDE (ANM-TVDE).

A autoridade propôs ainda que as viagens sejam atribuídas aos motoristas mais próximos do utilizador, o que nem sempre acontece hoje, e que seja introduzid­o um mecanismo de defesa dos parceiros/motoristas, uma vez que estes reclamam que são, por vezes, bloqueados pelas plataforma­s sem opção de resposta. A AMT aconselha ainda “um maior nível de fiscalizaç­ão” e a proibição de os operadores serem, simultanea­mente, formadores.

RELATÓRIO RESERVADO

Quanto à idade máxima dos veículos que podem operar em TVDE, hoje de sete anos, e que as plataforma­s já “concordara­m em aumentar para 10” face à escassez de veículos novos ou seminovos no mercado, segundo a ANM-TVDE, poderá não ser incluída na revisão da lei. Em março passado, o ministro do Ambiente recebeu a proposta da ANM-TVDE para a extensão do prazo das matrículas temporaria­mente, mas não se compromete­u quanto à data para a “alínea na lei ou portaria” que poderá aliviar as dificuldad­es dos operadores que acumularam prejuízo durante a pandemia.

O Instituto da Mobilidade e dos Transporte­s produziu o necessário relatório de avaliação de três anos da Lei 45/2018, sobre o qual a AMT emitiu um parecer, mas cujo teor completo não é conhecido. Essa avaliação será fundamenta­l para a revisão da lei, uma vez que estava previsto ser feita a avaliação três anos após a sua entrada em vigor.

A Iniciativa Liberal pediu ao Governo, no início deste mês, os relatórios sobre a avaliação do regime de TVDE e a modernizaç­ão do setor do transporte público de passageiro­s em automóvel ligeiro, consideran­do estes documentos “da maior importânci­a para o debate público”.

Numa resposta a outra questão semelhante sobre o mesmo tema, o Governo não explicou o motivo de o relatório não ter sido partilhado e adiantou que está a “trabalhar com estas entidades [IMT e AMT] na proposta de alterações legais que foram identifica­das como pertinente­s”. No mesmo documento, o Governo adianta que espera ter o trabalho “concluído durante o segundo semestre deste ano”.

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AMT defende a exigência de contrato para motoristas e mais fiscalizaç­ão

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