O vai-e-vem de Donald Trump
a possível saída do Palácio do Planalto de Bolsonaro, que já está a ensaiar as alegações de fraude eleitoral “a la Trump”, para evitar dizer que foi derrotado, o Mundo tinha tudo para começar a ficar um pouco mais respirável. Mas eis que, a uma latitude mais a norte, Donald Trump decide que está na hora de voltar a montar o circo que conhecemos. Aproveitando buscas a sua casa, o presidente da lei e ordem – desde que não seja para ele – decidiu lançar um ataque sem precedentes às instituições norte-americanas, incluindo o Departamento de Justiça e o FBI, que encontraram material secreto comprometedor na estância de Mar-a-Lago, na Florida. Mais uma vez, investiu no discurso da vitimização, que bem conhecemos neste espetro político, até por cá. “Isto é tão injusto”, já diziam o Calimero e outros que tal.
Este regresso às manchetes surge num momento em que Joe Biden tenta voltar à ribalta com um grande pacote contra a inflação e quando não se vislumbra um nome óbvio e mobilizador para concorrer em 2024 no campo democrata. A aposta em Kamala Harris para a vice-presidência não surtiu o efeito que se aventava aquando da nomeação, que seria uma preparação para a primeira presidente dos EUA. Já do lado republicano, se Trump não ficar impedido de concorrer por questões legais, há nomes óbvios, mas não melhores que o original. Com as intercalares mais para o final do ano e os democratas na mó de baixo, a intervenção do FBI caiu que nem ginjas para voltar a arregimentar a franja de republicanos que facilmente embarca no discurso mentiroso, mas fácil de ouvir para quem e precisa de encontrar bodes expiatórios. Voltaram as teorias da consCom piração, as referências ao “deep state”, as eleições “roubadas”, abafando tudo o resto: a investigação à invasão do Capitólio, em que ficou demonstrado que o ex-presidente “escolheu não agir” para proteger os legisladores e mentiu, mesmo sabendo que estava a instigar a violência.
O “The Washington Post” deixa-nos um aterrador “amuse bouche” para o que seria um regresso de Trump, depois de analisar os discursos mais recentes do multimilionário, onde se tornou mais específico sobre o que pretende de um segundo mandato, em que, terá menos assessores dispostos a fazer-lhe frente (esses já fugiram): armazenar sem-abrigo em tendas fora das cidades, usar forças federais para travar protestos, retirar direitos laborais aos funcionários públicos e acabar com o Departamento de Educação. E por que razão isto nos interessa aqui em Portugal? Porque por cada Trump que surge daquele lado do Atlântico, um macaco de imitação surge deste lado.
Aproveitando as buscas a casa, o presidente da lei e ordem – desde que não seja para ele – decidiu lançar um ataque sem precedentes às instituições dos EUA