Jornal de Notícias

Inferno na serra da Estrela dado como dominado

No combate estavam 1200 operaciona­is. Bombeiro morreu de doença súbita no fogo das Caldas

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INCÊNDIOS Cerca de 90% do perímetro do incêndio que lavra, desde o dia 6, na serra da Estrela, encontrava-se dominado, ontem, pelas 21.30 horas. Mas continuava a ser combatido por mais de 1200 operaciona­is. O mesmo fogo que, no sábado, foi dado como dominado, sofreu uma reativação na segunda-feira. Também ontem, um fogo de grandes dimensões deflagrou em Landal, Caldas da Rainha, estendendo-se ao concelho de Rio Maior. Nessa ocorrência, durante a tarde, um bombeiro de Óbidos morreu, acometido de doença súbita, quando estava no combate às chamas.

De acordo com Miguel Cruz, segundo-comandante nacional da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, a noite de ontem ia ser dedicada aos “trabalhos de consolidaç­ão de todo o perímetro” do incêndio, com a “prioridade” a passar por atuar nas frentes de fogo “da Guarda e da Covilhã”, onde os difíceis acessos dificultam o trabalho.

Anteontem, houve necessidad­e de evacuar várias casas de algumas aldeias ameaçadas pelo fogo (nomeadamen­te a Aldeia de Sarzedo, na Covilhã), com um total de 43 pessoas a serem retiradas para zonas de concentraç­ão. O regresso a casa foi feito com o auxílio das Forças Armadas.

António Nunes, presidente da Liga dos Bombeiros Portuguese­s, pediu ontem que se faça um relatório sobre o incêndio na serra da Estrela. O objetivo, garantiu, não é “para cortar a cabeça a A, B ou C”, mas sim para que se trate de um “relatório de aprendizag­em”.

No total, no dia de ontem, registaram-se 43 fogos rurais, situando-se as mais graves na serra da Estrela, nas Caldas da Rainha e em Alijó. E a ocorrência das Caldas ficou marcada pela morte de Carlos Antunes, de 52 anos, subchefe dos Bombeiros Voluntário­s de Óbidos e natural do Bombarral.

Miguel Cruz adiantou aos jornalista­s que o bombeiro “circulava na sua viatura de combate a incêndios”, quando foi acometido por um enfarte agudo do miocárdio. Apesar das tentativas de reanimação por parte dos colegas, o subchefe acabou por falecer. Na internet, os bombeiros de Óbidos expressara­m “muita dor e consternaç­ão” pela morte de Carlos Antunes, bombeiro há 35 anos. “Partiu um dos nossos, um dos melhores operaciona­is, um dos que estavam sempre presentes para ajudar. Faleceu a fazer o que mais amava na vida”, referiu a corporação. Também o ministro da Administra­ção Interna, José Luís Carneiro, e Marcelo Rebelo de Sousa, presidente da República, endereçara­m os sentimento­s à família da vítima.

Em Alijó, o incêndio que deflagrou, pelas 13.50 horas, na zona do Pópulo, entrou em fase de resolução pelas 20.15 horas. O fogo lavrou numa zona de mato e obrigou ao corte do trânsito no IC5.

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Militares das Forças Armadas auxiliaram idosos a regressar a casa, em Sarzedo
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três principais fogos de ontem
Mais de 1600 bombeiros nos três principais fogos de ontem

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