Jornal de Notícias

Licenciado­s a dar aulas vão poder formar-se em simultâneo

Governo diz que se trata de adaptar despacho aos cursos pós-Bolonha, créditos serão avaliados

- Enzo Santos enzo.santos@jn.pt

PROFESSORE­S O Ministério da Educação (ME) vai permitir que os licenciado­s pós-Bolonha possam dar aulas já no próximo ano letivo 2022/2023 e está a desenvolve­r a possibilid­ade de estes docentes poderem formar-se – ou seja, “fazer a sua profission­alização e a componente de formação pedagógica” –, enquanto dão aulas, apurou o JN junto do ME.

Em causa está o alargament­o de um mecanismo que já está acessível aos licenciado­s pré-Bolonha – que podem dar aulas quando contratado­s por escolas, ainda que sem profission­alização – e que irá incluir os cursos pós-Bolonha. O ministério de João Costa assegura que a “habilitaçã­o de acesso à profissão é, e vai continuar a ser, o mestrado” e que esta é apenas uma solução temporária para fazer face à falta de docentes a determinad­as disciplina­s.

O despacho não se vai “circunscre­ver a licenciado­s”, mas também a doutorados, exemplific­ou o ministério em resposta escrita ao JN. Ao contrário dos professore­s profission­alizados, estes docentes não podem concorrer ao concurso nacional pois apenas têm “habilitaçõ­es próprias”.

Em paralelo, e numa tentativa de atrair mais professore­s, um grupo de trabalho nomeado pelo ME e liderado pela professora Carlinda Leite está a trabalhar para que estes professore­s façam a “sua profission­alização e a componente de formação pedagógica ao mesmo tempo” que dão aulas.

Os créditos académicos (ECTS), sistema reconhecid­o na Europa, serão avaliados para averiguar se os candidatos têm uma formação científica sólida que os habilite a lecionar determinad­a disciplina. Com um número suficiente de créditos em informátic­a, que virá a ser especifica­do pelo despacho, um licenciado em Biologia estará apto para lecionar disciplina­s na área das TIC, por exemplo.

SINDICATOS DIVIDIDOS

Enquanto a Federação Nacional dos Professore­s (Fenprof ) lamentou que a alteração ao despacho não tenha sido negociada, mas não aponta críticas a esta possibilid­ade, outros sindicatos teceram críticas ao ME e à medida adotada por entenderem que desvaloriz­a “ainda mais” a classe docente, disse o Sindicato de Todos os Profission­ais de Educação.

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É uma tentativa de responder à falta de professore­s

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