Filha do líder do Rio Ave diz que o pai só quer “ficar com tudo”
Arguido acusado de usar violência e humilhações para levar ex-mulher e filhos a desistir de partilha de bens
JULGAMENTO A filha do presidente do Rio Ave, António da Silva Campos, garantiu, ontem, em tribunal, que o único propósito do pai é “evitar as partilhas” e “ficar com tudo”. Diana diz que os episódios de violência, intimidação e humilhação eram para levar os três filhos e a ex-mulher “a ceder”. A jovem “aguentou” três anos. Era administradora do Santana Hotel & SPA, propriedade da família. Saiu há quatro anos com “um esgotamento profundo, depressão grave e sintomatologia ansiosa”. Continua em recuperação. Campos está acusado de sete crimes de perseguição agravada, injúrias, ofensas à integridade física e ameaça agravada.
“Aos poucos íamos todos caindo. O escalar da violência, as humilhações... o propósito é ficar com todo o património”, afirmou Diana, que continuou, ontem, a ser ouvida no Tribunal de Vila do Conde.
Durante anos, o pai, explica, “decidia tudo”. “Ninguém questionava”. Assinavam “de cruz”. Após o divórcio dos pais, em 2013, à
medida que iam crescendo e a situação financeira do grupo ASC se deteriorava, Diana e os irmãos, conta, começaram “a querer saber”. O pai “reagiu mal”.
A rutura com Diana aconteceu em dezembro de 2018, com as alegadas agressões, no interior do hotel. Campos, garante, insultou-a, ameaçou matá-los “a todos”, empurrou-a contra a parede e bateu-lhe. Diana saiu do hotel às escondidas, ajudada por funcionários. Deu entrada no hospital aterrorizada. Esteve meio ano sem sair de casa, um ano de baixa. O pai “nunca quis saber” do seu estado de saúde, garante Diana, que não recebeu “um cêntimo”.