Militares russos estarão a abandonar região da Crimeia
Serviços de inteligência ucranianos acreditam que contraofensiva no Sul do país impulsionou mobilização
GUERRA Ocupada pelos russos desde 2014, a região da Crimeia, no Sul da Ucrânia, pode estar agora a ver-se livre dos invasores. De acordo com os serviços de inteligência de Kiev, altas patentes das Forças Armadas de Moscovo estarão a tentar vender as casas e a abandonar a região, juntamente com as famílias, dirigindo-se para a Rússia. A mobilização estará a ser impulsionada pelos últimos desenvolvimentos no terreno, já que a Ucrânia, através de uma contraofensiva em curso desde o início do mês, conseguiu recuperar várias cidades no Sul e Leste.
De acordo com Volodymyr Zelensky, presidente ucraniano, os esforços militares já fizeram com que o país tenha conseguido recuperar cerca de seis mil quilómetros quadrados de território. O líder do país agradeceu, em particular, a três unidades militares, elogiando a “bravura” nas operações das últimas semanas. No entanto, frisa Antony Blinken, secretário de Estado dos EUA, “ainda é demasiado cedo” para tirar conclusões que permitam perspetivar qual será o futuro da guerra.
As conquistas das tropas ucranianas foram alvo de uma rápida resposta por parte dos combatentes do Kremlin, que atacaram Kharkiv, uma das cidades onde foram recuperadas mais localidades, com mísseis
PONTOS-CHAVE Scholz pressiona Putin
Numa conversa telefónica, o chanceler alemão pediu ao líder russo uma solução diplomática para a guerra, começando por um cessar-fogo e retirada das tropas.
“Muito cuidado”
Após 85 deputados municipais terem pedido a demissão de Putin, Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, deixou um aviso: “Tem de se ter muito cuidado”, disse, referindo-se à lei que prevê uma pena de 15 anos para quem se manifestar contra a guerra. e bombardeamentos, causando interrupções no fornecimento de eletricidade e água da cidade.
Apesar de o Kremlin alegar que as tropas russas estão em processo de reorganização, o Ministério da Defesa britânico assegura que o exército de Putin se encontra “severamente degradado”, sublinhando que Moscovo poderá ter pela frente vários anos de reconstrução bélica, sobretudo após uma das mais importantes unidades de tanques ter sofrido duras baixas. Também Joseph Borrell, chefe da diplomacia da União Europeia, afirmou que as sanções aplicadas à Rússia estão a afetar severamente a capacidade de Moscovo devido às “enormes perdas militares”.
As autoridades ucranianas, ainda assim, temem ataques violentos por parte da Rússia após os avanços territoriais. A central nuclear de Zaporíjia, acredita Kiev, deverá continuar a ser um dos pontos mais massacrados pelos russos, com vista a destabilizarem o sistema de energia do país.