Mais vale feito que perfeito
Há quem pense que quem acha que mais vale feito que perfeito peca por falta de ambição. Devo dizer que as pessoas que possuem um sentido mais prático da vida, nas quais eu orgulhosamente me incluo, ao longo da sua carreira profissional e pessoal vão percebendo que esta é uma máxima perfeitamente razoável.
Dou graças a Deus por não ser um perfeccionista. Conheço algumas pessoas que “sofrem” desta “doença” e tenho constatado que são muito menos felizes do que eu. Dito isto, há que acrescentar que a perfeição, quer no plano pessoal quer no profissional, é um objetivo completamente meritório. Desde que não se torne numa obsessão.
Sobretudo para quem trabalha numa área como a organização de eventos. Sem nunca descurar a ambição de que eles sejam organizados e decorram da melhor forma possível para a satisfação generalizada de participantes e clientes, a verdade absoluta é que mais vale que se consigam fazer, mesmo que não sejam perfeitos.
Este raciocínio também deve ser aplicável a todas as pessoas mais velhas quando resolvem analisar ou criticar o comportamento das gerações mais novas. Infelizmente para algumas pessoas que conheço, perfeito, perfeito era que os seus filhos ou netos fossem capazes de gostar do que eles gostaram, fazer o que eles fizeram e de um modo geral de terem perante a vida uma atitude igual à que eles tiveram.
Termino com um exemplo concreto do que acabo de dizer. Há 40 anos, o normal num rapaz ou rapariga era ansiar pelos 18 anos para poder tirar a carta de condução. Mesmo que para a maioria, como foi o meu caso, tirar a carta de condução não significasse ter um carro para conduzir. Só a existência dessa possibilidade já era uma enorme alegria. Lá está, ter a carta mas não ter carro, seguia a velha máxima mais vale feito que perfeito. Acontece que nos dias de hoje, para espanto (ou até desgosto) de alguns pais, os jovens dessa idade na sua maioria não mostram nenhuma preocupação ou ansiedade por conseguirem a carta de condução. Não vejo porque é que esta diferente atitude das novas gerações há de preocupar os seus progenitores. Se calhar, até percebo que estes jovens estejam à espera da invenção do carro automático, que não precisa de ser conduzido. Porque enquanto precisarem das duas mãos para conduzir, como é que conseguem estar ao telemóvel?