S. Bartolomeu
O Minho, particularmente o Alto Minho, tem um caráter muito forte. Não sei se é pela omnipresença do verde e da água, se é do contraste da montanha com os vales, se pelo branco e granito das casas, ou simplesmente por algo que não se explica. Espaço de grande densidade de pessoas há muitos séculos, é um território marcado também pela sua saída. Para sul de Portugal, para o Brasil, França e outros países depois. Em agosto, anima-se com emigrantes e festas. Como seria de esperar, as mais importantes são mais do que espetáculos de músicos profissionais, conjuntos de tasquinhas, venda de farturas e similares. Fui ao S. Bartolomeu a Ponte da Barca, uma das mais belas vilas do país, que infelizmente deixou abastardar um belíssimo largo pavimentado em pedras do rio. Fiquei impressionado. Não pela enorme quantidade de pessoas – que esperava –, mas pelo facto de, genuinamente, as pessoas serem a festa. E a festa ser a celebração da tradição. No desfile das rusgas não há sofisticação, mas a lembrança, ao vivo, de velhos saberes, com o traje minhoto a ser usado por quem desfila e muitos dos que assistem. Há bombos, violas, concertinas e interação. À noite, no Largo da Urca, dança-se o vira ao som de dezenas de concertinas, enquanto outros percorrem as ruas acompanhados pelas rusgas que passam a tocar, identificando as freguesias de onde vêm: Bravães, Azias, Boivães, ... Dizem-me que a romaria foi considerada uma das 7 maravilhas de Portugal e que Ponte da Barca é a capital do vira minhoto. Não sei. Sei que a festa de S. Bartolomeu é especial, entre muitas e grandes romarias do Alto Minho: uma belíssima oportunidade de celebração e de encontro de todos, incluindo entre os que saíram, os que ficaram e todos os mais que venham. Até para o ano!