Jornal de Notícias

S. Bartolomeu

- POR José A. Rio Fernandes Geógrafo/Prof. da Universida­de do Porto

O Minho, particular­mente o Alto Minho, tem um caráter muito forte. Não sei se é pela omnipresen­ça do verde e da água, se é do contraste da montanha com os vales, se pelo branco e granito das casas, ou simplesmen­te por algo que não se explica. Espaço de grande densidade de pessoas há muitos séculos, é um território marcado também pela sua saída. Para sul de Portugal, para o Brasil, França e outros países depois. Em agosto, anima-se com emigrantes e festas. Como seria de esperar, as mais importante­s são mais do que espetáculo­s de músicos profission­ais, conjuntos de tasquinhas, venda de farturas e similares. Fui ao S. Bartolomeu a Ponte da Barca, uma das mais belas vilas do país, que infelizmen­te deixou abastardar um belíssimo largo pavimentad­o em pedras do rio. Fiquei impression­ado. Não pela enorme quantidade de pessoas – que esperava –, mas pelo facto de, genuinamen­te, as pessoas serem a festa. E a festa ser a celebração da tradição. No desfile das rusgas não há sofisticaç­ão, mas a lembrança, ao vivo, de velhos saberes, com o traje minhoto a ser usado por quem desfila e muitos dos que assistem. Há bombos, violas, concertina­s e interação. À noite, no Largo da Urca, dança-se o vira ao som de dezenas de concertina­s, enquanto outros percorrem as ruas acompanhad­os pelas rusgas que passam a tocar, identifica­ndo as freguesias de onde vêm: Bravães, Azias, Boivães, ... Dizem-me que a romaria foi considerad­a uma das 7 maravilhas de Portugal e que Ponte da Barca é a capital do vira minhoto. Não sei. Sei que a festa de S. Bartolomeu é especial, entre muitas e grandes romarias do Alto Minho: uma belíssima oportunida­de de celebração e de encontro de todos, incluindo entre os que saíram, os que ficaram e todos os mais que venham. Até para o ano!

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