Nos politécnicos metade já pensou em deixar estudos
Saúde mental e despesas do Ensino Superior são as principais causas
Estudantes “exaustos, esgotados e frustrados” – é este o retrato dos politécnicos feito pelo estudo levado a cabo pela Federação Nacional de Associações de Estudantes do Ensino Superior Politécnico (FNAEESP), revelando que quase metade dos alunos já pensou em não continuar a estudar.
A saúde mental e as despesas do Ensino Superior são as principais causas que levam a este resultado. O inquérito foi disponibilizado a todos os politécnicos e escolas não integradas do país e contou com 2700 respostas.
João Pedro Pereira é presidente da federação e ao JN adiantou que estes não são os únicos dados preocupantes. Dentro das maiores dificuldades que se impõem no Ensino Superior, cerca de 43% estão relacionadas com a expectativa do curso.
“É necessário um corpo docente mais atrativo, assim como as próprias aulas”, avançou o presidente, apontando para a necessidade de uma reestruturação do ensino, implementando vertentes mais práticas para que os jovens se sintam mais motivados.
No seu entender, esta poderia ser uma das algumas soluções prementes para melhorar a saúde mental dos estudantes do ensino politécnico, assim como a contratação de psicólogos e outros profissionais de saúde. João Pedro Pereira anunciou ao JN que a federação entregou os dados a várias instituições para que olhem para os elementos alarmantes e tomem medidas.
Apesar de 90% acreditar que a sua vida vai melhorar após a conclusão do curso a nível de oportunidades, 28% considera que têm poucas probabilidades de as conseguir no local onde estudam, o que fará com que tenham de mudar de cidade, destacando-se este fenómeno no interior do país.
TRANSPORTES EM FALTA
O panorama de transportes é avaliado pelo presidente de forma negativa, e reflete as respostas dos próprios estudantes. No estudo, cerca de 700 alunos reivindicam melhorias nas ofertas de mobilidade.
Neste sentido, a FNAEESP entrou em contacto com o Ministério da Coesão Territorial para que seja realizado um estudo sobre os défices dos transportes públicos e para que a oferta aumente, disse João Pedro Pereira. Acrescentou ainda que “as capitais de distrito devem estar ligadas de alguma forma”.