Esforço das famílias com crédito subiu para 26,6% do rendimento
Mas 61% do crédito à habitação foi para clientes de baixo risco
EMPRÉSTIMOS A taxa de esforço média dos novos créditos aos particulares – que agrega empréstimos ao consumo e à habitação – voltou a aumentar no ano passado, para 26,6%, refletindo um acréscimo de 1,6 pontos percentuais (p.p.) face a 2022, segundo um relatório divulgado ontem pelo Banco de Portugal (BdP). O esforço, contudo, situou-se abaixo do patamar de risco (50%).
De acordo com o supervisor, a subida do esforço é justificada pelo contexto de taxas de juro elevadas, cujo impacto se fez sentir sobretudo do lado do crédito à habitação, dada a predominância de contratos a taxa variável. Nesse sentido, o rácio DSTI (sigla inglesa para debt service-to-income, correspondente ao grau de esforço financeiro do mutuário associado ao pagamento da dívida) médio das famílias que contrataram empréstimos para compra de casa em 2023 fixou-se nos 26,4%, o que compara com os 24,2% do ano anterior.
CRÉDITO À HABITAÇÃO
Do ponto de vista do perfil de risco dos clientes, o supervisor destaca que continuou a observar-se uma melhoria nas novas operações de crédito à habitação, com “uma redução da percentagem de crédito concedido a mutuários de risco elevado” – isto é, devedores com rácio DSTI acima dos 60% e/ou rácio LTV (loan-to-value, a percentagem que o banco empresta ao consumidor, em relação ao valor do imóvel) superior a 90% –, para 3%, e um aumento da percentagem concedida aos de risco baixo (rácio DSTI igual ou inferior a 50% e rácio LTV abaixo dos 80%), para 61%.