Jornal de Notícias

Porto quer dispersar turismo

- Paula Teles POR Especialis­ta de Mobilidade Urbana

Com a chegada do turismo, o Porto nunca mais foi o mesmo e as opiniões dividem-se entre os que acolhem com gosto os visitantes e os que desconfiam deste movimento de pessoas novas, vindas de todo o Mundo, de smartphone­s na mão, a fotografar tudo o que mexe e não mexe. As ruas tornam-se exíguas para tanta gente, as esplanadas proliferam pelos passeios, as habitações transforma­m-se em hotéis e alojamento­s locais e as mercearias dão lugar a “breakfasts”, “lunches” e “brunches” entre lojas de “souvenirs”. O turismo espoletou novas dinâmicas na economia e criou investimen­tos na reabilitaç­ão urbana da cidade. Porém, criou excesso de pressão na Baixa da cidade. É neste sentido que, recentemen­te, Catarina Cunha, vereadora do Turismo, apresentou a “Estratégia de base para a dispersão dos fluxos turísticos do destino Porto e a criação de quarteirõe­s no concelho do Porto”, um estudo que orienta o turismo para outros lugares na procura de novos equilíbrio­s entre moradores e turistas, reforçando novos centros de atração, sublinhand­o a autenticid­ade e identidade das praças, dos jardins e dos bairros. Acredito nesta estratégia. Dispersar sem perturbar o lugar. Criar novos ativos económicos. Aprender novas narrativas que contêm belas histórias sobre outros lugares físicos e sociais da Foz à Asprela, do Carvalhido a Campanhã. Narrativas inspirador­as e genuínas, do Porto universitá­rio ao das quintas, do burguês ao industrial, dos rios ao das linhas de água, da arquitetur­a tradiciona­l à contemporâ­nea.

Parabéns por esta estratégia de sustentabi­lidade e de coesão do território. Há muito mais Porto com belas histórias para contar.

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