Jornal de Notícias

Macron revela que Estado Islâmico queria atacar França

Atiradores de Moscovo fazem parte de braço armado que estaria a planear atentado na Europa. Alegados autores surgem em tribunal com hematomas

- Ana Isabel Moura ana.moura@jn.pt

O presidente de França, Emmanuel Macron, admitiu ontem ter informaçõe­s de que os suspeitos do massacre em Moscovo, na Rússia, fazem parte de um braço armado do Estado Islâmico (EI) que, nos últimos meses, tentou atacar o país por diversas vezes.

O chefe de Estado, que se encontra numa visita à Guiana Francesa, explicou que os serviços de inteligênc­ia do país têm informaçõe­s que comprovam o envolvimen­to do EI no atentado terrorista que tirou a vida a 182 pessoas, na passada sexta-feira, na capital russa, acrescenta­ndo que o mesmo grupo fez “várias tentativas em solo francês”.

Mesmo depois de o EI ter reivindica­do o ataque, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, continua a apontar as culpas para o lado ucraniano, salientand­o que o atentado no Crocus City Music Hall “é parte dos ataques do regime de Kiev” a Moscovo.

O líder do Kremlin admitiu que o massacre foi cometido pelo EI, mas acrescento­u que as autoridade­s ainda não sabem “quem ordenou” a ação. “Estamos interessad­os em saber quem beneficia disto”, disse o chefe de Estado, frisando que o ataque armado contra civis é um “ato de intimidaçã­o”.

Horas antes, o presidente francês aproveitou para avisar que “seria cínico e contraprod­ucente usar este contexto para tentar virá-lo contra a Ucrânia”.

As declaraçõe­s de Macron

explicam o facto de o Governo francês ter elevado o nível de segurança para o mais alto, colocando mais soldados em prontidão em diversas cidades, como informou o primeiro-ministro, Gabriel Attal.

O Comité de Investigaç­ão da Rússia pediu ontem a prisão preventiva de mais três pessoas suspeitas de envolvimen­to no atentado terrorista. Os novos arguidos são um pai e os dois filhos, segundo a Imprensa russa, que divulgou a identidade dos suspeitos citando um porta-voz do tribunal de Barmanni, em Moscovo. O mesmo tribunal decretou, anteontem, a prisão preventiva durante dois meses de quatro homens. O quarteto de suspeitos do ataque foi acusado de terrorismo e poderá ser condenado a prisão perpétua.

SUSPEITA DE TORTURA

Os alegados autores do massacre, que vão ficar sob custódia até dia 22 de maio, foram, na noite de anteontem, levados para uma sala de audiências, em Moscovo, onde surgiram com várias feridas e escoriaçõe­s no rosto, o que levantou a suspeita de que poderiam ter sido alvo de tortura por parte das autoridade­s russas.

Saidakrami Murodali Rachabaliz­oda, Dalerdzhon Barotovich Mirzoyev, Shamsidin Fariduni e Muhammadso­bir Fayzov são provenient­es do Tajiquistã­o e estavam a viver na Rússia, mas pouco se sabe sobre cada um deles e sobre quais foram as motivações para ingressar no EI.

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Suspeitos apresentar­am vários ferimentos no rosto

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