Macron revela que Estado Islâmico queria atacar França
Atiradores de Moscovo fazem parte de braço armado que estaria a planear atentado na Europa. Alegados autores surgem em tribunal com hematomas
O presidente de França, Emmanuel Macron, admitiu ontem ter informações de que os suspeitos do massacre em Moscovo, na Rússia, fazem parte de um braço armado do Estado Islâmico (EI) que, nos últimos meses, tentou atacar o país por diversas vezes.
O chefe de Estado, que se encontra numa visita à Guiana Francesa, explicou que os serviços de inteligência do país têm informações que comprovam o envolvimento do EI no atentado terrorista que tirou a vida a 182 pessoas, na passada sexta-feira, na capital russa, acrescentando que o mesmo grupo fez “várias tentativas em solo francês”.
Mesmo depois de o EI ter reivindicado o ataque, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, continua a apontar as culpas para o lado ucraniano, salientando que o atentado no Crocus City Music Hall “é parte dos ataques do regime de Kiev” a Moscovo.
O líder do Kremlin admitiu que o massacre foi cometido pelo EI, mas acrescentou que as autoridades ainda não sabem “quem ordenou” a ação. “Estamos interessados em saber quem beneficia disto”, disse o chefe de Estado, frisando que o ataque armado contra civis é um “ato de intimidação”.
Horas antes, o presidente francês aproveitou para avisar que “seria cínico e contraproducente usar este contexto para tentar virá-lo contra a Ucrânia”.
As declarações de Macron
explicam o facto de o Governo francês ter elevado o nível de segurança para o mais alto, colocando mais soldados em prontidão em diversas cidades, como informou o primeiro-ministro, Gabriel Attal.
O Comité de Investigação da Rússia pediu ontem a prisão preventiva de mais três pessoas suspeitas de envolvimento no atentado terrorista. Os novos arguidos são um pai e os dois filhos, segundo a Imprensa russa, que divulgou a identidade dos suspeitos citando um porta-voz do tribunal de Barmanni, em Moscovo. O mesmo tribunal decretou, anteontem, a prisão preventiva durante dois meses de quatro homens. O quarteto de suspeitos do ataque foi acusado de terrorismo e poderá ser condenado a prisão perpétua.
SUSPEITA DE TORTURA
Os alegados autores do massacre, que vão ficar sob custódia até dia 22 de maio, foram, na noite de anteontem, levados para uma sala de audiências, em Moscovo, onde surgiram com várias feridas e escoriações no rosto, o que levantou a suspeita de que poderiam ter sido alvo de tortura por parte das autoridades russas.
Saidakrami Murodali Rachabalizoda, Dalerdzhon Barotovich Mirzoyev, Shamsidin Fariduni e Muhammadsobir Fayzov são provenientes do Tajiquistão e estavam a viver na Rússia, mas pouco se sabe sobre cada um deles e sobre quais foram as motivações para ingressar no EI.