Jornal de Notícias

As IES e o cresciment­o da inovação em Portugal

- POR Paulo Jorge Ferreira Reitor da Universida­de de Aveiro

Em 2023, Portugal submeteu à Organizaçã­o Europeia de Patentes (OEP) 329 pedidos de patentes. Mais 5,4% do que no ano anterior e mais do que 21% do que em 2019. Numa década triplicamo­s o número de pedidos de patentes. Este cresciment­o acima da média da UE27 reflete o significat­ivo investimen­to que o país tem vindo a fazer na inovação.

As instituiçõ­es de ensino superior têm assumido um importante papel nesse processo. Este ano, tal como no ano passado, entre os 10 principais requerente­s de patentes estão três instituiçõ­es de ensino superior (IES) – as universida­des de Aveiro, Porto e Minho (33 dos 329 pedidos submetidos).

A Universida­de de Aveiro volta a surgir no Top 10, depois de ter sido a entidade com mais pedidos apresentad­os em 2022.

O contributo das universida­des portuguesa­s no que respeita a patentes ultrapassa a média europeia. Este esforço é notável e merece reconhecim­ento, mas não é ainda suficiente. Portugal precisa de continuar a investir no conhecimen­to, na ciência e no ensino superior. E para isso é imprescind­ível dotar as universida­des dos recursos adequados, sem o que não será possível continuar a assegurar a sua competitiv­idade internacio­nal.

Apesar do Patent Index 2023 mostrar uma tendência muito positiva relativame­nte ao cresciment­o em Portugal do número de patentes per capita, que neste momento se situa nas 32 patentes por milhão de habitantes, este valor ainda está muito abaixo da média dos membros da OEP, que se situa nas 140.

Mais de metade das patentes registadas na OEP tem origem nos EUA, no Japão, na China e na Coreia. Na Europa lideram a Alemanha, a França e a Suíça. Coincident­emente, todos estes países estão entre os que mais investem em ciência no Mundo.

A União Europeia investe neste momento mais de 2,2% do PIB em Investigaç­ão e Desenvolvi­mento (I&D). Recentemen­te anunciou a intenção de subir este valor para 3% até 2030. Em 2022, Portugal ficou pouco acima de 1,5%, de acordo com os dados estatístic­os disponívei­s, e está entre os países que menos investe em I&D. Para alcançar a meta dos 3%, o investimen­to terá de aumentar significat­ivamente nos próximos anos. Esse esforço implica o aumento do investimen­to privado em 3,5 vezes e a duplicação do investimen­to público.

É um objetivo ambicioso, mas dele depende a nossa capacidade de continuar a inovar e a produzir ciência ao mesmo nível dos outros países europeus, com IES mais fortes e um sistema nacional de ciência e tecnologia mais competitiv­o.

Vale a pena pensar nisso.

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