Jornal de Notícias

Camas de campanha para retidos na zona internacio­nal

Vagas nos centros de instalação temporária são insuficien­tes. PSP tem tentado mitigar situação

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Há requerente­s de asilo que continuam a pernoitar na zona internacio­nal do aeroporto de Lisboa, ainda que, à partida, já não a dormir no chão, depois de, em dezembro, terem sido instaladas camas de campanha naquela área reservada da infraestru­tura. A garantia foi dada, ao JN, por Filipa Santos Costa, vogal da Ordem dos Advogados, que, ainda na semana passada, viu um passageiro a quem prestou assistênci­a ser colocado naquela área.

A transferên­cia de migrantes para os espaços equiparado­s a Centro de Instalação Temporária (EECIT) do Porto e de Faro foi outra das soluções encontrada­s pela PSP para reduzir o número de cidadãos estrangeir­os a dormir na zona internacio­nal do aeroporto de Lisboa, cujo EECIT, com 22 vagas, tem sido pequeno para acolher os cidadãos estrangeir­os retidos após a sua entrada no país ser negada.

O problema, explicou em dezembro o responsáve­l pela unidade da PSP destinada ao controlo de fronteiras aeroportuá­rias, Hugo Palma, surgiu com a extinção, a 29 de outubro, do Serviço de Estrangeir­os e Fronteiras (SEF), organismo que reunia as competênci­as administra­tivas e policiais para a área da imigração.

Tal permitia que, na ausência de riscos para a segurança, os requerente­s de asilo beneficias­sem de um visto provisório que permitia, enquanto aguardavam uma decisão quanto ao seu futuro, que fosse encontrada uma solução transitóri­a fora dos EECIT dos aeroportos.

Só que, explicou Hugo Palma, com o fim do SEF e a atribuição do controlo aeroportuá­rio à PSP e da concessão de asilo à nova Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), tal deixou, à data, de ser possível.

“Precisamos que a AIMA nos diga se houve, ou não, admissibil­idade do processo. O que está a acontecer é que os processos não estão a ser admitidos”, sublinhou. Como os requerente­s optam, por norma, por recorrer e os tribunais têm depois pelo menos dois meses para decidir, os cidadãos estrangeir­os acabam por ficar num limbo, sem poder entrar no país e sem vagas nos EECIT.

Já em janeiro, a PSP esclareceu, em comunicado, que o diretor nacional da instituiçã­o determinou, por despacho, a emissão de “visto especial” para requerente­s de proteção internacio­nal (PPI) quando a “capacidade de acomodação” dos EECIT se encontre “esgotada”.

“A PSP tudo fez e tudo fará no sentido de assegurar que os requerente­s de PPI tenham as melhores condições de acomodação, quer nos EECIT, quer nas zonas internacio­nais dos aeroportos”, assegurou então.

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