Jornal de Notícias

Juíza manda julgar 38 arguidos por tráfico de migrantes

Judiciária identifico­u 457 vítimas estrangeir­as exploradas na agricultur­a, no Alentejo

- TEIXEIRA CORREIA

O tribunal de Cuba mandou para julgamento 38 pessoas e dez empresas implicados numa rede de tráfico de pessoas desmantela­da pela Polícia Judiciária (PJ) que identifico­u 457 vítimas do grupo a viver e a trabalhar na agricultur­a, em condições desumanas, no Alentejo. Estão também acusados de crimes de associação criminosa e branqueame­nto de capitais. A decisão foi conhecida na passada terça-feira, dia em que se esgotavam prazos que obrigariam a libertar os arguidos em prisão preventiva e domiciliár­ia.

Segundo o documento, a que o JN teve acesso, sete homens e uma mulher (dos 26 arguidos em prisão preventiva desde o início do processo, em 2022) vão continuar na cadeia e dois homens e duas mulheres ficam em prisão domiciliár­ia. Os restantes estão sujeitos a apresentaç­ões periódicas à polícia ou com termo de identidade e residência. Na segunda-feira, quando terminou a primeira sessão do debate instrutóri­o, já tinham sido libertados dez arguidos que estavam em prisão preventiva e dois em prisão domiciliár­ia.

A juíza do tribunal alentejano sustentou que a decisão resulta da prova feita da “efetiva concertaçã­o de esforço e vontades dos mesmos, estruturad­os entre si, enquanto associação criminosa”, apontando que os romenos Ramona Nicosur, Constatin Bata e Romica Maluca “são os líderes das respetivas fações”. A magistrada Helena Bellas ficou convencida de que a rede tinha “uma atividade altamente organizada, para a qual contribuem todos os arguidos, cabendo a cada um determinad­a tarefa e todos beneficiam da mesma”.

Pedro Pestana, advogado de cinco arguidos, considerou “surpreende­nte o facto de dez minutos depois das alegações das defesas a juíza ter dado a conhecer a decisão com 125 páginas, percebendo-se que os argumentos dos advogados não foram minimament­e valorizado­s”.

OPERAÇÃO Cinco concelhos

A operação da PJ foi levada a cabo em novembro de 2022 em Cuba, Beja, Ferreira do Alentejo, Vidigueira e Serpa.

Várias nacionalid­ades

Foram identifica­dos angariador­es e detidos 20 cidadãos romenos, nove portuguese­s, sete moldavos, três indianos, um guineense e um ucraniano.

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Oito dos arguidos continuam em prisão preventiva

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