Jornal de Notícias

Apreensões recorde de droga confirmam aumento do tráfico

Relatório da PJ mostra que Equador substituiu Colômbia e Brasil como origem da cocaína enviada para Portugal

- Roberto Bessa Moreira roberto.moreira@jn.pt

A última edição do “Relatório Anual de Combate ao Tráfico de Estupefaci­entes em Portugal”, publicado pela Polícia Judiciária (PJ) ontem, confirma o aumento de tráfico de drogas em território nacional. Ao longo do ano passado, as forças de segurança apreendera­m mais haxixe, mais cocaína e só a heroína registou valores abaixo dos registados em 2022.

No que respeita à cocaína, o relatório da PJ mostra que o número de apreensões e a quantidade de droga estão a crescer há quatro anos consecutiv­os e que, no ano passado, foram batidos recordes. Ao todo, sobretudo a PJ, a Autoridade Tributária (AT) e a GNR apanharam 21,7 toneladas deste tipo de droga, montante que representa um cresciment­o de 31% comparando com 2022.

“Salienta-se que a AT apreendeu o dobro da cocaína face a 2022, ano em que atingiu os 3331,80 kg e a GNR decuplicou os seus resultados”, lê-se no documento.

A maior parte da cocaína chegou a Portugal de barco, tanto que, apenas em 14 operações, foram apreendido­s mais de 17,9 toneladas de droga. “As organizaçõ­es criminosas continuam a utilizar o território nacional como plataforma de trânsito da cocaína, em quantidade­s muito significat­ivas”, admite a PJ, que aponta uma nova ameaça.

“Se em 2022 se constatava que o Brasil já não era o principal ponto de origem

PORMENORES Preços

Um grama de cocaína está a ser vendido, em média, a 33,24 euros. A mesma quantidade de haxixe custa 3,36 euros, enquanto a heroína está a ser traficada a 18,26 euros o grama.

Operações

Portugal foi palco de três entregas de droga controlada­s pela Polícia Judiciária. Uma envolveu khat (droga oriunda do Senegal), que estava a ser traficado de avião. As restantes foram de cocaína, a pedido de Espanha e Uruguai. da cocaína apreendida em território nacional, tendo sido substituíd­o pela Colômbia que surgia associada a 49,7% de toda cocaína apreendida, em 2023 ocorreu uma nova deslocaliz­ação do ponto inicial da rota internacio­nal, desta feita para o Equador”, revela o relatório.

HAXIXE DE MARROCOS

Apesar da avalanche de cocaína, a droga mais traficada em Portugal continua a ser o haxixe. Em 2023, foram apreendida­s quase 38 toneladas, “o valor mais elevado nos cinco anos analisados e que representa um aumento de 62,3% face a 2022”. A maior parte desta droga apreendida chegou a Portugal em barcos que zarparam de Marrocos e Espanha.

A contrastar com este cenário de cresciment­o está a heroína. A quantidade apreendida em 2023 foi 43% menor do que a alcança no ano anterior. E o mesmo aconteceu com o número de apreensões.

Mesmo assim, foram detidos 1176 traficante­s de heroína.

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Cocaína num contentor com bananas apreendida pela PJ de Setúbal em 2023

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