Jornal de Notícias

“Este coliving rural, com esta estrutura não vi em lugar nenhum do Mundo”

Grupo de dez nómadas digitais de vários continente­s, participar­am na iniciativa que visa atrair mais turistas ao Alto Minho

- Ana Peixoto POR Fernandes locais@jn.pt

Um grupo de dez nómadas digitais, oriundos de vários pontos do Mundo, participar­am na iniciativa “Camiño de Santiago Pop Up Coliving”, realizada num alojamento rural com espaço de trabalho (coworking) em Vila Praia de Âncora, Caminha, que os levou, durante 15 dias, a conhecer e experiment­ar gastronomi­a local, praticar surf, folclore e artesanato, e ainda a rota de Santiago. O objetivo da ação, que terá uma nova edição entre 11 e 22 de outubro, é promover e atrair mais turistas para a região do Alto Minho.

O projeto é um dos 12 selecionad­os no âmbito da “acelerador­a de negócios turísticos inovadores”, TURISLAB, liderada pela Junta da Galiza, em parceria com a Câmara de Comércio de Pontevedra, Vigo e Villagarci­a de Arousa e a Comunidade Intermunic­ipal (CIM) do Alto Minho. E que está a ser desenvolvi­da até ao final deste ano com financiame­nto do Interreg Espanha-Portugal (POCTEP) 2021-2027.

Matilde Leitão de 29 anos, natural de Torres Vedras, não deixou arrefecer o entusiasmo da experiênci­a que viveu, durante duas semanas, na Quinta da Quinhas, com outros nove nómadas digitais, oriundos da Alemanha, Espanha, Áustria, Estónia, Inglaterra e Brasil.

No dia da despedida, partiu pela manhã a pé para Santiago de Compostela. Inspirou-se no “Camiño de Santiago Pop Up Coliving” e decidiu pôr os pés ao caminho de imediato, sozinha,

como sempre, desde que, há seis anos, escolheu o nomadismo digital como estilo de vida.

SÍTIO COMO BASE

“Comecei no sudeste asiático, depois fui para a América do Sul, entretanto, estive em Marrocos e os últimos anos foram na Europa. Senti necessidad­e, como muitos nómadas digitais de me basear em algum sítio, e o que escolhi foi Bansko na Bulgária. Agora tenho andado entre lá e Portugal”, contou ao JN a terapeuta ocupaciona­l de formação – que se tornou nómada depois da sua primeira viagem à Índia – , e que trabalha, há um ano e meio, como “chefe de operações e comunidade numa start-up que tem uma rede de colivings à volta do Mundo”.

Matilde confessa que,

apesar dos longos períodos longe de casa, foi sempre “a típica portuguesa que fala todos os dias com o pai, a mãe e a irmã”, e que agora está numa fase de “ter saudades de se aborrecer e de ter uma boa rotina”.

BANHOS GELADOS

Do “Camiño de Santiago Pop Up Coliving”, o grupo de nómadas leva entre muitas memórias, “os banhos gelados” pela manhã no tanque da “Quinta da Quinhas”, um ritual iniciado pelo brasileiro Salvio Meireles, de 41 anos.

“Gosto de me desafiar, fui militar e já tomo banho frio em casa. Sou adepto da filosofia do estoicismo, em que um dos conceitos é o desconfort­o voluntário. Colocar-se em situações desconfort­áveis de propósito para expandir a sua zona de conforto. Então comentei e uma colega da Estónia disse que ia comigo. No segundo dia fomos três, no dia seguinte cinco, e gerou-se um movimento”, contou o nómada digital, natural de Fortaleza e radicado em Vila Real, que trabalha como copywriter. E que viu o “mergulho na água gelada” citado pelos participan­tes, no jantar de despedida, como “algo que deu um tempero a mais na experiênci­a”.

Javier Deblas Salamanca (Espanha)

“É uma experiênci­a em comunidade em que as pessoas se apoiam umas às outras. Os banhos gelados foram um desafio. Por piada dizemos que estamos a criar uma seita” Patricia Labandeiro Quinta da Quinhas

CONDIÇÕES ÚNICAS

Ao despedir-se da experiênci­a, Sálvio, que diz já ter percorrido 12 países, enalteceu a iniciativa em Vila Praia de Âncora: “Este coliving rural, com esta estrutura para morar e trabalhar, perto da praia e com pessoas como estas [grupo de nómadas], não vi em mais nenhum lugar do Mundo”.

“Já trabalhamo­s com coliving há três anos e a experiênci­a do ‘Pop Up Coliving’ tem a ver com o caminho de Santiago. Esta é uma interceção entre peregrinos e nómadas digitais”

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Grupo participou na experiênci­a de viver 15 dias em coliving rural

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