Jornal de Notícias

7 desafios do Governo

Limitado por um Executivo minoritári­o, Montenegro tem no imediato várias promessas para cumprir, como negociar com forças de segurança e professore­s, e lançar o plano de emergência no SNS até 2 de junho.

- CARLA SOARES

1 FINANÇAS Aumentar salários sem descontrol­o

O ministro das Finanças enfrenta a árdua tarefa de, simultanea­mente, manter as contas sob controlo e cumprir o rol de promessas de Montenegro. Aliás, mesmo com o excedente orçamen- tal de 1,2%, o primeiro-mi- nistro avisou que o país não está de “cofres cheios”. Quando a AD prevê baixar impostos em cinco mil mi- lhões de euros, a valorizaçã­o de salários na Administra- ção Pública promete fazer disparar a despesa e o PS já se ofereceu para um orça- mento retificati­vo dedicado a forças de segurança, professore­s, profission­ais de saúde e oficiais de justiça. Mas Miranda Sarmento “terá consigo Pedro Duarte e Leitão Amaro para o auxi- liar” no “papel difícil de satisfazer o caderno de encar- gos” de Montenegro, desta- cou o politólogo Miguel Ân- gelo Rodrigues. O primeiro a negociar com os outros partidos na Assembleia e o segundo a gerir sensibilid­a- des no seio do Governo.

2 FORÇAS DE SEGURANÇA Negociar já subsídio de risco

Sobre negociaçõe­s com gru- pos profission­ais da Admi- nistração Pública, Montenegro garantiu na campanha prioridade às forças de segurança. Prometeu ence- tar num “ato imediato” o diálogo com sindicatos para “reparação das injustiças” no que toca ao subsídio de risco, mas sem se compromete­r com valores. Profis- sionais da PSP, GNR e bom- beiros reclamam o mesmo subsídio aprovado pelo Go- verno do PS para a PJ. O sin- dicato da PSP já pediu uma reunião à ministra da Admi- nistração Interna, Margari- da Blasco. Segundo contas do anterior Executivo, o su- plemento de risco para as polícias poderá custar 154 milhões de euros por ano.

3 3 EDUCAÇÃO Recuperar tempo dos professore­s

Montenegro também pro- meteu prioridade aos pro- fessores e fechar o processo negocial nos primeiros dois meses. A AD prevê a recupe- ração integral do tempo de serviço congelado, de forma faseada nos próximos cinco anos, à razão de 20% ao ano. Terá um impacto de 240 mi- lhões de euros (60 milhões por ano), de acordo com o programa. Mas na Educação as exigências vão muito mais além, como o reforço de docentes, de meios e equipament­os.

4 INFRAESTRU­TURAS Venda da TAP e novo aeroporto

Nas mãos de Miguel Pinto Luz, vice-presidente do PSD que assume o Ministé- rio das Infraestru­turas e da Habitação, ficam várias pas- tas quentes. Novo aeropor- to, privatizaç­ão da TAP, pro- jeto do TGV, conclusão da ferrovia e crise na habitação são alguns dos desafios. No caso da transporta­dora de bandeira nacional, o minis- tro vem com bagagem, uma vez que deu a cara pela po- lémica venda da TAP à Atlantic Gateway. Luís Montenegro já veio defender uma privatizaç­ão a 100%. Quanto à localizaçã­o do novo aeroporto, prome- teu que seria uma das pri- meiras decisões a tomar enquanto primeiro-ministro.

5 HABITAÇÃO Reverter medidas e facilitar compra

A crise na habitação foi um dos temas mais marcantes da campanha e transversa­l a todas as candidatur­as. É outra batata quente nas mãos de Pinto Luz, sobretu- do após os compromiss­os assumidos por Montenegro, particular­mente junto dos jovens. Os desafios pas- sam por garantir, até aos 35 anos, a isenção de IMT e im- posto de selo na aquisição da primeira habitação. E também uma garantia do Estado que assegure o fi- nanciament­o bancário a 100% do valor da compra da primeira casa. A AD quer ainda revogar medidas do programa socialista Mais Habitação, como arrendamen­to forçado, congelamen­to de rendas e outras sobre alojamento local. O Plano de Recuperaçã­o e Resiliênci­a (PRR) prevê 26 mil habitações até 2026. E o Governo cessante autorizou que sejam gastos mais 390 milhões de euros.

6 FUNDOS EUROPEUS Acelerar PRR e pedir novo cheque

O Governo de Costa deixou nas mãos do novo Executivo da AD vários compromiss­os por cumprir para que possa concretiza­r junto de Bruxelas o quinto pedido de pagamento do PRR, que ronda 2,7 mil milhões de euros. Dentro do calendário ideal, deveria ter sido entregue até final de março. Outro grande desafio é acelerar o plano para não perder fundos, quando a taxa de execução está apenas em 18%.

7 SAÚDE Plano para SNS e Direção Executiva

Resolver os problemas na Saúde, o caos nas urgências, negociar com os profission­ais e fixá-los no setor público são desafios que se impõem, sobretudo quando Montenegro se compromete­u a apresentar, até dia 2 de junho, um plano de emergência para o Serviço Nacional de Saúde (SNS) a aplicar até final de 2025. Vai desde logo fazer uma reformulaç­ão profunda da Direção Executiva do SNS.

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