Quase um quarto dos senhorios têm rendas em atraso
Barómetro da ALP mostra que 21,4% dos inquiridos não atualizou as rendas de acordo com o limite legal de 6,94%
Quase um quarto dos senhorios está confrontado com o incumprimento do pagamento de rendas dos seus inquilinos, indicam os dados do Barómetro da Associação Lisbonense de Proprietários – ALP. Em causa estão 23,6% dos inquiridos, o que leva a associação a sublinhar que este é um fenómeno que se tem mantido “sustentadamente alto” ao longo das sete edições do inquérito.
“A maior alteração face às seis últimas edições é o facto de a fatia de senhorios que têm mais de seis meses de incumprimento de rendas liderar globalmente junto daqueles que estão a suportar perdas. São, nesta amostra, 30,3% dos proprietários que têm rendas em atraso”, indica a associação, dando conta que “aqueles que acumulam perdas de dois a três meses de rendimento representam 28% das respostas”.
Apesar deste agravar do problema, só 48,7% dos senhorios em causa pondera avançar com o despejo dos inquilinos, sendo que a maior parte considera que tal “será [um processo] demorado e terá mais custos do que o valor que está em dívida pelos inquilinos”.
Para 18% dos proprietários, “a resolução passa sempre pela via extrajudicial”, mas há 15,6% que mostram “compreensão pela situação económica e social que atravessam os arrendatários”.
A sétima edição do Barómetro “Confiança dos Proprietários” da ALP, que auscultou 525 senhorios a nível nacional entre 14 e 22 de março, revela que um em cada cinco (21,4%) não procedeu à atualização anual de renda de 2024 pelo coeficiente legal de 6,94%. “Se é verdade que cerca de um terço dos respondentes não o fez porque tem contratualizado por mútuo acordo outro coeficiente anual no contrato de arrendamento, há a destacar os 14% de inquiridos que responderam ter preferido atualizar a renda noutro valor percentual, por entenderem que o coeficiente apurado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) para 2024 poderia colocar os seus inquilinos em incumprimento”, justificam.
Diana Ralha, diretora da ALP, lembra ao JN/DV que a associação “defende há muito que este coeficiente de atualização legal não faz qualquer sentido e tem de ser revisto – em primeiro lugar, porque exclui a inflação que incide sobre os custos de habitação”.