Jornal de Notícias

Centro e periferia

- José A. Rio Fernandes POR Geógrafo/Prof. da Universida­de do Porto

Os conceitos de centro e periferia ajudam a entender o Mundo, um país ou uma cidade.

No Mundo, dizem que, no século XX, o centro se moveu da Europa para os Estados Unidos (EU) e que pode estar agora a deslocar-se para o Pacífico, entre China, Índia (os países mais populosos e cada vez mais poderosos), Japão e o lado ocidental dos EU, enquanto a Europa envelhece, estagna e perde músculo militar e diplomátic­o. Portugal, país de dois centros, tem tecido industrial dinâmico de Braga a Águeda, mas vive cada vez mais dos serviços, com a finança, a comunicaçã­o social e a administra­ção concentrad­as numa AML cuja população cresceu de 2011 para 2021, enquanto diminuiu na AMP. Entretanto, na maioria das cidades, os centros reganharam importânci­a, em resultado de obras públicas, novos equipament­os e multiplica­ção de estabeleci­mentos, boa parte dos quais viabilizad­os pelo turismo. Todavia, a todas as escalas, há vários centros e várias periferias. Quando chegará a hora de olhar mais para estas, na sua diversidad­e? Para os lugares “perdidos” de Ásia, África e América Latina, tão pouco tratados nas nossas televisões e tão pouco considerad­os nas nossas preocupaçõ­es? Apesar das mortes diárias dos que fogem da periferia para o centro... Em Portugal, porque é que, como país, não apostamos mais nas cidades e vilas que ficam a mais de 50km de Lisboa e Porto, reforçando as suas condições de centralida­de? E, nas cidades, porque não se investe sobretudo nos lugares ditos periférico­s, onde mora a maioria da população urbana? Veja-se o caso da Areosa, nome que todos conhecemos, na periferia do Porto, de Gondomar e da Maia, mas também pequeno centro local. Um bom exemplo de espaço esquecido, com poluição sonora, atmosféric­a e paisagísti­ca a pedir intervençã­o pública.

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