Sete membros de ONG mortos em ataque israelita
Trabalhadores humanitários da World Central Kitchen, que tem transportado toneladas de alimentos para Gaza, foram abatidos na viatura em que seguiam
ALVO Seguiam numa coluna de três viaturas blindadas e identificadas com o logótipo da organização humanitária World Central Kitchen (WCK), mas tal não impediu que as Forças de Defesa de Israel (FDI) atingissem um dos veículos num ataque aéreo que o reduziu a chapa carbonizada, assassinando sete trabalhadores da WCK, que tem multiplicado esforços para fazer chegar, a partir do Chipre, toneladas de alimentos a Gaza. Netanyahu descreveu o incidente como não intencional, algo que “acontece em tempo de guerra”.
Em resultado do ataque de ontem, que provocou a morte de trabalhadores humanitários do Reino Unido, Austrália, Polónia, Estados Unidos e Palestina, a WCK – fundada pelo chef espanhol José Andrés durante a crise humanitária que atravessou o Haiti depois do violento sismo de 2010 – decidiu suspender as operações que têm permitido fazer chegar ao enclave toneladas de alimentos em navios de uma outra organização humanitária, a Open Arms, que percorrem o corredor marítimo entre Chipre e Gaza, aberto no início de março por iniciativa da União Europeia.
“Apesar de coordenar os movimentos com o [exército israelita], a coluna foi atingida ao sair do armazém de Deir al-Balah, onde a equipa descarregou mais de cem toneladas de ajuda alimentar humanitária trazida para Gaza na rota marítima”, anunciou a WCK.
A diretora executiva da organização considerou, em comunicado, que “este não é apenas um ataque contra a WCK, é um ataque a organizações humanitárias que aparecem nas situações mais terríveis em que os alimentos são usados como arma de guerra. Isso é imperdoável”.
O Chipre confirmou ontem que voltaram para trás, com 240 toneladas de alimentos não entregues, os navios que haviam chegado à costa de Gaza. Antes do ataque, os navios conseguiram desembarcar cerca de cem das 400 toneladas, financiadas pelos Emirados Árabes Unidos, transportadas na segunda missão a percorrer o corredor, que partiu do Chipre no sábado.
Se o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, pediu a Israel “uma investigação rápida, completa e imparcial” sobre o ataque; o Governo britânico convocou o embaixador israelita no Reino Unido para exigir uma “investigação rápida e transparente” e uma “responsabilização total” pela morte dos sete trabalhadores. O mesmo exigiram a Austrália, a Alemanha e o Canadá.
NÃO INTENCIONAL, DIZ PM
O primeiro-ministro (PM) israelita, Benjamin Netanyahu, assumiu ontem que as FDI mataram “involuntariamente” os sete membros da WCK, afirmando que “isto acontece em tempo de guerra”, que o incidente está a ser investigado e que tudo será feito “para garantir que isto não aconteça novamente”.