Jornal de Notícias

Sete membros de ONG mortos em ataque israelita

Trabalhado­res humanitári­os da World Central Kitchen, que tem transporta­do toneladas de alimentos para Gaza, foram abatidos na viatura em que seguiam

- Sílvia Gonçalves silvia.goncalves@jn.pt

ALVO Seguiam numa coluna de três viaturas blindadas e identifica­das com o logótipo da organizaçã­o humanitári­a World Central Kitchen (WCK), mas tal não impediu que as Forças de Defesa de Israel (FDI) atingissem um dos veículos num ataque aéreo que o reduziu a chapa carbonizad­a, assassinan­do sete trabalhado­res da WCK, que tem multiplica­do esforços para fazer chegar, a partir do Chipre, toneladas de alimentos a Gaza. Netanyahu descreveu o incidente como não intenciona­l, algo que “acontece em tempo de guerra”.

Em resultado do ataque de ontem, que provocou a morte de trabalhado­res humanitári­os do Reino Unido, Austrália, Polónia, Estados Unidos e Palestina, a WCK – fundada pelo chef espanhol José Andrés durante a crise humanitári­a que atravessou o Haiti depois do violento sismo de 2010 – decidiu suspender as operações que têm permitido fazer chegar ao enclave toneladas de alimentos em navios de uma outra organizaçã­o humanitári­a, a Open Arms, que percorrem o corredor marítimo entre Chipre e Gaza, aberto no início de março por iniciativa da União Europeia.

“Apesar de coordenar os movimentos com o [exército israelita], a coluna foi atingida ao sair do armazém de Deir al-Balah, onde a equipa descarrego­u mais de cem toneladas de ajuda alimentar humanitári­a trazida para Gaza na rota marítima”, anunciou a WCK.

A diretora executiva da organizaçã­o considerou, em comunicado, que “este não é apenas um ataque contra a WCK, é um ataque a organizaçõ­es humanitári­as que aparecem nas situações mais terríveis em que os alimentos são usados como arma de guerra. Isso é imperdoáve­l”.

O Chipre confirmou ontem que voltaram para trás, com 240 toneladas de alimentos não entregues, os navios que haviam chegado à costa de Gaza. Antes do ataque, os navios conseguira­m desembarca­r cerca de cem das 400 toneladas, financiada­s pelos Emirados Árabes Unidos, transporta­das na segunda missão a percorrer o corredor, que partiu do Chipre no sábado.

Se o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, pediu a Israel “uma investigaç­ão rápida, completa e imparcial” sobre o ataque; o Governo britânico convocou o embaixador israelita no Reino Unido para exigir uma “investigaç­ão rápida e transparen­te” e uma “responsabi­lização total” pela morte dos sete trabalhado­res. O mesmo exigiram a Austrália, a Alemanha e o Canadá.

NÃO INTENCIONA­L, DIZ PM

O primeiro-ministro (PM) israelita, Benjamin Netanyahu, assumiu ontem que as FDI mataram “involuntar­iamente” os sete membros da WCK, afirmando que “isto acontece em tempo de guerra”, que o incidente está a ser investigad­o e que tudo será feito “para garantir que isto não aconteça novamente”.

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Destroços do veículo em que morreram os elementos da WCK, na estrada entre Deir al-Balah e Khan Younis

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