Jornal de Notícias

Em diferido

- Rui Vítor Costa POR Adepto do V. Guimarães

Este campeonato parece uma transmissã­o em diferido de realidades anteriores. Tudo já aconteceu. Há apenas vários presentes que, no fundo, são sempre o mesmo. É o país engravatad­o todo o ano a assoar-se na gravata por engano: o país de O’Neill cujas palavras têm a mesma atualidade que tinham quando ele as escrevia. Sempre tão bem.

O sistema dos três clubes, a catequizaç­ão permanente da comunicaçã­o social que salga o solo da escolha clubística, leva-nos sempre ao sítio do costume: que A é beneficiad­o em detrimento de B, que C teve o favor da arbitragem por oposição a A. Os F’s, os R’s, os J’s, nunca têm mérito no futebol que jogam, nos poucos acometimen­tos que lhes são permitidos, pois o abecedário só tem (na prática) três letras. Ao A, ao B e ao C, tudo é permitido, exceto navalhada, isso também já seria demais! Podem encostar a cabeça ao fiscal de linha, podem descarrega­r a sua frustração como meninos do papá e dizer “o meu pai trata disto”, que nada de relevante lhes acontece. Pode ser triste, pode dar a imagem de um país que se assoa na gravata porque pode e quer, mas já é assim há muito, daí que Portugal seja, ao nível de futebol, um caso único no desporto em que ganham sempre os mesmos. Um verdadeiro caso de estudo. O Vitória continua a fazer o que tem a fazer, a usar a sua gravata como adereço e não como lenço. E entusiasma-me esse aprumo. Vamos ter, já brevemente, um conjunto de jogos difíceis e muito importante­s. Mas, como diria O’Neill no seu humor cínico e triste: Não te arrimes tanto à ideia de que haverá sempre/um caixote de serradura à tua espera/ Pode haver. Se houver, melhor...

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