Jornal de Notícias

Lisboa discute hoje subida da taxa turística para quatro euros

Autarquia quer cobrar o valor mais elevado do país por noite para quem visita a capital. Porto também prevê aumento para breve e Gaia já o fez no ano passado

- Sofia Cristino sofia.cristino@ext.jn.pt

Lisboa prepara-se para aplicar a taxa turística mais elevada do país e uma das mais altas da Europa, tendo a Câmara a intenção de a subir de dois para quatro euros por noite. A proposta para a alteração do valor, que deverá variar consoante o tipo de alojamento, vai ser discutida hoje, em reunião do executivo, e, após ser aprovada, estará em consulta pública um mês. O Porto também prevê subir a taxa em breve. A Associação de Hotelaria de Portugal e a Associação dos Hotéis e Empreendim­entos Turísticos do Algarve estão apreensiva­s quanto ao uso das receitas.

Cada vez mais municípios cobram taxa turística, sendo Portimão e Olhão dois dos exemplos mais recen- tes. Outros se seguirão em breve, como Viana do Castelo, Albufeira, Lagoa e Loulé. Gaia aumentou o valor no ano passado, e Lisboa e Porto seguirão o mesmo caminho. A maior subida está prevista para Lisboa, onde a autarquia pretende duplicar o valor, disse ontem o presidente do executivo, Carlos Moedas, defendendo que “os turistas têm de contribuir mais para a cidade”.

Em 2022, entraram 906 navios de cruzeiro nos principais portos nacionais, tendo sido Lisboa o que recebeu o maior número navios (325) e o maior número de passageiro­s em trânsito (406,6 mil)

MEDIDA EXTEMPORÂN­EA

O anúncio não foi, contudo, bem recebido por algumas associaçõe­s. Bernardo Trindade, presidente da Associação de Hotelaria de Portugal, afirmou, em comunicado, que “a medida unilateral e extemporân­ea de aumentar a taxa é precipitad­a e interrompe uma relação de confiança com o setor turístico”. O também administra­dor de uma cadeia de hotéis frisou que “é fundamenta­l que este dinheiro não seja usado em despesas correntes e saber-se os fins a que se destina”.

Receios também partilhado­s por Hélder Martins, presidente da Associação dos Hotéis e Empreendim­entos Turísticos do Algarve. “A nossa questão é o que as câmaras vão fazer com o dinheiro da taxa. Dizem que têm custos muito grandes na área da salubridad­e, mas também têm receitas brutais derivadas do IMI e IMT devido ao turismo. Era bom que o dinheiro fosse canalizado apenas para áreas de impacto direto do turismo”, defendeu ao JN, acrescenta­ndo que estas alterações devem ser feitas “com mais tempo”. “Em Portimão, o valor começou a ser cobrado no dia em que foi publicada a alteração, sem esclarecim­ento às empresas”, censura.

Carla Salsinha, presidente da Entidade de Turismo da

Região de Lisboa, disse ao JN que “concorda” com a su- bida da taxa desde que “seja muito transparen­te e mensurável” e “reverta para a cidade”. “Temos de saber o valor que recebemos e onde foi aplicada. O valor tem de ser usado na higiene urbana e segurança, requalific­ação do espaço público e monumentos e melhoria da mobilidade”, considera.

NÃO AFASTARÁ TURISTAS

A empresária acredita que o aumento “não reduzirá o número de turistas”. “Paris tem taxas de 16 euros e isso não tem levado à descida de turistas. É também uma forma de classifica­rmos o turismo; Lisboa só beneficia se tivermos um turismo de qualidade”, defende. Hélder Martins tem a mesma opinião e, alerta, “no caso do Algarve, se uma família trouxer cinco pessoas, o preço do apartament­o pode aumentar 30% ou 40%”.

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