Jornal de Notícias

Investimen­tos feitos por fundos torna preço das casas inacessíve­l

Políticas de habitação vão estar em debate, amanhã e sexta-feira num encontro em Braga

- Emília Monteiro locais@jn.pt

A relação do mercado da habitação com o direito à mesma é um dos temas que vai ser discutido no 8.º encontro das Políticas Públicas, Planeament­o e Desenvolvi­mento do Território (P3DT) que se realiza amanhã e depois, no Centro da Juventude, em Braga. “Seja porque as casas são cada vez mais vistas como ativos imobiliári­os, seja porque a população flutuante como os turistas, estudantes e outros, que estão de passagem, a verdade é que a habitação e a falta dela ganhou uma enorme importânci­a”, disse ao JN José Rio Fernandes, presidente da comissão organizado­ra do congresso.

Durante dois dias, cerca de duas dezenas de especialis­tas vão debater temas como a mobilidade e a integração, o mercado da habitação e a gentrifica­ção e as políticas sociais de habitação. “O investimen­to que diversos fundos fizeram no setor imobiliári­o, fez com que a habitação se tenha tornado inacessíve­l para a maior parte da população e, mesmo com a subida dos salários, as famílias não têm dinheiro para comprar ou alugar uma casa”, frisou o professor universitá­rio.

“Nos centros das cidades não é possível construir mais casas, por isso, é preciso aumentar a oferta de habitação nas periferias, garantindo empregos, transporte­s e serviços para as pessoas”, afirmou Joaquim Oliveira Martins, chefe da Divisão de Política e Desenvolvi­mento Regional da OCDE. “Tem de existir uma economia de serviços que requer proximidad­e entre quem produz e quem consome”, explicou o docente na Universida­de de Paris-Dauphine.

Nos últimos anos, de acordo com a organizaçã­o do encontro, a preocupaçã­o com a habitação ganhou uma nova centralida­de tanto “nas preocupaçõ­es das pessoas, como na política e no planeament­o e, em especial, nos espaços metropolit­anos e nas cidades de média dimensão”.

REGULAR O MERCADO

Para Ana Drago, outra das oradoras, é urgente “regular o mercado e conter a procura externa”. “A subida do preço das casas é discrepant­e com o rendimento dos portuguese­s por causa da quebra no setor da habitação, desde 2011, e pela procura externa de habitações em Portugal”, finalizou.

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Falta de oferta acessível nota-se nos grandes centros

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