Jornal de Notícias

Presidente do Irão garante a Putin não ter interesse em escalada com Israel

Ebrahim Raisi salientou que retaliação de Teerão, a 13 de abril, foi de “natureza forçada e limitada”. Líder do Kremlin alerta para “consequênc­ias catastrófi­cas para toda a região”

- Sílvia Gonçalves silvia.goncalves@jn.pt

TENSÃO O presidente iraniano assegurou ontem a Vladimir Putin, em conversa por videoconfe­rência, não ter interesse numa escalada do conflito no Médio Oriente. Ebrahim Raisi salientou que o Irão foi forçado a reagir contra Israel, mas que tais ações foram de “natureza forçada e limitada”, anunciou o Kremlin. Numa outra ligação, mas com o emir do Catar, Raisi avisou que a mais pequena ação contra o território iraniano encontrará “resposta severa, generaliza­da e dolorosa” por parte de Teerão.

“O presidente iraniano observou que as ações do Irão [o ataque a Israel, a 13 de abril ] foram de natureza forçada e limitada e enfatizou o seu desinteres­se numa nova escalada”, referiu a Presidênci­a russa, em nota divulgada pela agência estatal Ria Novosti, sobre a conversa em que os dois chefes de

Estado discutiram a situação no Médio Oriente “após o ataque de Israel ao Consulado iraniano em Damasco e as medidas retaliatór­ias de Teerão”.

O Kremlin declarou ainda que “Putin expressou a esperança de que todas as partes demonstrem moderação razoável e não permitam uma nova ronda de confrontos que teria consequênc­ias catastrófi­cas para toda a região”. Já no que toca às relações russo-iranianas, foi expresso, entre os dois aliados, “o desejo mútuo de um maior desenvolvi­mento da cooperação bilateral em várias esferas”.

Numa outra conversa, mas com o emir do Catar, Raisi deixou um aviso contundent­e em relação ao que resultaria de uma ação israelita sobre o território iraniano: “Declaramos agora categorica­mente que a mais pequena ação contra os interesses iranianos certamente encontrará uma resposta severa, generaliza­da e dolorosa contra todos os seus perpetrado­res”.

RETALIAÇÃO “EM SEGUNDOS”

Numa alusão ao ataque de 1 de abril ao Consulado iraniano em Damasco, na Síria – atribuído a Israel mas não confirmado nem negado por Telavive –, o vice-ministro dos Negócios Estrangeir­os iraniano, Ali Bagheri Kani, avisou que o Irão já não esperaria 12 dias para responder a outro ataque israelita, mas retaliaria numa “questão de segundos”.

Segundo a agência Reuters, foi adiada para hoje aquela que será, desde o ataque iraniano da noite de sábado, a terceira reunião do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, com o seu gabinete de guerra, para discutir a resposta bélica que, já garantiu Telavive, será dada a Teerão.

Já o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, acusou ontem Netanyahu de ser “o principal responsáve­l” pelo ataque do Irão a Israel. “O principal responsáve­l pela tensão que tomou conta dos nossos corações na noite de 13 de abril é Netanyahu e a sua Administra­ção sanguinári­a”, declarou o chefe de Estado turco.

“O ataque de Israel à embaixada iraniana em Damasco, em violação do direito internacio­nal e da Convenção de Viena, foi a gota de água que fez transborda­r o copo”, considerou Erdogan, que tem sido um dos críticos mais contundent­es da ofensiva israelita na Faixa de Gaza, tendo descrito Israel como um “Estado terrorista”.

Também o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, defendeu ontem, em conversa telefónica com Netanyahu, que “uma escalada significat­iva não é do interesse de ninguém e só iria aprofundar a inseguranç­a no Médio Oriente”, confirmand­o que o G7, que se reúne entre hoje e sexta-feira, está a preparar uma resposta diplomátic­a ao Irão.

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Os dois aliados dialogaram e garantiram querer desenvolve­r a cooperação bilateral
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Gabinete de Guerra reúne hoje pela terceira vez

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