Presidente do Irão garante a Putin não ter interesse em escalada com Israel
Ebrahim Raisi salientou que retaliação de Teerão, a 13 de abril, foi de “natureza forçada e limitada”. Líder do Kremlin alerta para “consequências catastróficas para toda a região”
TENSÃO O presidente iraniano assegurou ontem a Vladimir Putin, em conversa por videoconferência, não ter interesse numa escalada do conflito no Médio Oriente. Ebrahim Raisi salientou que o Irão foi forçado a reagir contra Israel, mas que tais ações foram de “natureza forçada e limitada”, anunciou o Kremlin. Numa outra ligação, mas com o emir do Catar, Raisi avisou que a mais pequena ação contra o território iraniano encontrará “resposta severa, generalizada e dolorosa” por parte de Teerão.
“O presidente iraniano observou que as ações do Irão [o ataque a Israel, a 13 de abril ] foram de natureza forçada e limitada e enfatizou o seu desinteresse numa nova escalada”, referiu a Presidência russa, em nota divulgada pela agência estatal Ria Novosti, sobre a conversa em que os dois chefes de
Estado discutiram a situação no Médio Oriente “após o ataque de Israel ao Consulado iraniano em Damasco e as medidas retaliatórias de Teerão”.
O Kremlin declarou ainda que “Putin expressou a esperança de que todas as partes demonstrem moderação razoável e não permitam uma nova ronda de confrontos que teria consequências catastróficas para toda a região”. Já no que toca às relações russo-iranianas, foi expresso, entre os dois aliados, “o desejo mútuo de um maior desenvolvimento da cooperação bilateral em várias esferas”.
Numa outra conversa, mas com o emir do Catar, Raisi deixou um aviso contundente em relação ao que resultaria de uma ação israelita sobre o território iraniano: “Declaramos agora categoricamente que a mais pequena ação contra os interesses iranianos certamente encontrará uma resposta severa, generalizada e dolorosa contra todos os seus perpetradores”.
RETALIAÇÃO “EM SEGUNDOS”
Numa alusão ao ataque de 1 de abril ao Consulado iraniano em Damasco, na Síria – atribuído a Israel mas não confirmado nem negado por Telavive –, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Ali Bagheri Kani, avisou que o Irão já não esperaria 12 dias para responder a outro ataque israelita, mas retaliaria numa “questão de segundos”.
Segundo a agência Reuters, foi adiada para hoje aquela que será, desde o ataque iraniano da noite de sábado, a terceira reunião do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, com o seu gabinete de guerra, para discutir a resposta bélica que, já garantiu Telavive, será dada a Teerão.
Já o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, acusou ontem Netanyahu de ser “o principal responsável” pelo ataque do Irão a Israel. “O principal responsável pela tensão que tomou conta dos nossos corações na noite de 13 de abril é Netanyahu e a sua Administração sanguinária”, declarou o chefe de Estado turco.
“O ataque de Israel à embaixada iraniana em Damasco, em violação do direito internacional e da Convenção de Viena, foi a gota de água que fez transbordar o copo”, considerou Erdogan, que tem sido um dos críticos mais contundentes da ofensiva israelita na Faixa de Gaza, tendo descrito Israel como um “Estado terrorista”.
Também o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, defendeu ontem, em conversa telefónica com Netanyahu, que “uma escalada significativa não é do interesse de ninguém e só iria aprofundar a insegurança no Médio Oriente”, confirmando que o G7, que se reúne entre hoje e sexta-feira, está a preparar uma resposta diplomática ao Irão.