Jornal de Notícias

Zelensky promulga lei controvers­a de mobilizaçã­o de civis

Presidente ucraniano assinou diploma, antes aprovado no Parlamento, que visa ampliar fileiras na frente de combate

- Sílvia Gonçalves silvia.goncalves@jn.pt

Depois da aprovação, a 11 de abril, pelo Parlamento ucraniano, o presidente Volodymyr Zelensky promulgou ontem a lei de mobilizaçã­o que vem reformular as regras de recrutamen­to de civis, para engrossar as fileiras na linha da frente de combate. Entre as novas disposiçõe­s do diploma estão a obrigatori­edade de os homens atualizare­m os seus dados de recrutamen­to junto das autoridade­s, o aumento de pagamentos para voluntário­s e o agravament­o de penas para quem se esquivar ao serviço militar.

O texto apresentad­o ao chefe de Estado ucraniano, ontem assinado, enfrentou processo longo e controvers­o, tendo assumido várias versões até à que finalmente colheu o apoio da maioria dos parlamenta­res da Rada (o Parlamento ucraniano), aprovada com uma maioria de 283 votos.

O diploma, que abre caminho à convocação de centenas de milhares de novos reforços – o número não foi especifica­do –, e que surge depois de Volodymr Zelensky ter já reduzido a idade mínima de recruta dos 27 para os 25 anos, reveste-se de polémica por ter excluído uma cláusula que permitiria a desmobiliz­ação dos soldados após 36 meses de combate, não estipuland­o assim um período após o qual os combatente­s poderiam baixar as armas, o que se traduziu num duro golpe para aqueles que há mais de dois anos asseguram a defesa do país no campo de batalha.

COLMATAR A ESCASSEZ

Muitos daqueles que, no deflagrar da guerra, em fevereiro de 2022, avançaram como voluntário­s para a frente de combate estão hoje mortos, feridos ou exauridos, o que justificou uma revisão do enquadrame­nto legal que vem permitir ao exército colmatar a insuficiên­cia de recrutas para tentar estancar a ofensiva russa nas várias frentes, sobretudo no Leste do território ucraniano.

Uma iniciativa legislativ­a que surge numa altura em que as forças de Kiev, enfraqueci­das pela contraofen­siva falhada do verão de 2023, enfrentam ainda uma notória escassez de munições e armamento, tal como o diluir do apoio ocidental.

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Líder de Kiev bate-se com a insuficiên­cia de soldados, munições e armamento

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