Abril liga o Norte
Estão em contagem decrescente os 50 anos da Revolução do 25 de Abril de 1974. Se suspendermos a nossa peculiar propensão para o queixume e o desânimo, reconheceremos prontamente dispormos de fundadas razões para essa celebração. Independentemente das suas contradições, tão próprias de qualquer período revolucionário, o 25 de Abril é o acontecimento que marca a emergência do Portugal contemporâneo, democrático e europeu, objetivamente mais desenvolvido, socialmente mais justo e com maior equidade territorial.
A Revolução conduziu à instauração de um Estado de direito fundado numa democracia constitucional e plural, dialogante com outras democracias ocidentais; consagrou as liberdades de expressão, reunião ou associação; fundou o poder local democrático, garante da coesão territorial, disponibilizou saúde e educação gratuitas e universais, com resultados de que nos podemos orgulhar; abriu as portas à Europa, cuja solidariedade viabilizou a modernização do país em poucas décadas; elevou a cultura como bem essencial e de livre realização e fruição; concedeu à ciência um lugar impensável em 1974.
Porque os desígnios de Abril não estão completos (basta lembrar que a regionalização como imperativo constitucional e democrático continua por cumprir), nem se extinguiram, renovando-se permanentemente, importa promover uma celebração viva, socialmente participada, com as pessoas e os diferentes territórios.
Neste contexto, também a CCDR-Norte interpretou a sua responsabilidade, lançando uma programação de pensamento e debate, de criação artística e de produção de memória e histórias reais de coragem a Norte (em parceria com o “Jornal de Notícias” e o seu “JN História”). Bem vistas as coisas, alguns dos desígnios e realizações de Abril – como o poder local, as regiões, a Europa, o ambiente, cultura ou ciência – estão na base da própria missão da instituição.
“Abril liga o Norte” será, pois, uma iniciativa pulverizada em toda a região, ao longo do ano, próxima das pessoas, convocando a participação de comunidades, artistas, educadores e cidadãos de corpo inteiro. Nos oito concelhos menos povoados do Norte, nascerá um grande mural de arte pública que evoca o poder criador ou regenerador da arte e da poesia. Em oito cafés históricos de cidades nortenhas, avivaremos a tradição da tertúlia, da conspiração e do debate, animando velhos ou novos desígnios para futuro do país e do seu Norte. E não é tudo.
Abril pode e deve ligar o Norte. Conectar-nos e ativar o melhor de nós.