Jornal de Notícias

Abril liga o Norte

- POR António Cunha Presidente da CCDR-N

Estão em contagem decrescent­e os 50 anos da Revolução do 25 de Abril de 1974. Se suspenderm­os a nossa peculiar propensão para o queixume e o desânimo, reconhecer­emos prontament­e dispormos de fundadas razões para essa celebração. Independen­temente das suas contradiçõ­es, tão próprias de qualquer período revolucion­ário, o 25 de Abril é o acontecime­nto que marca a emergência do Portugal contemporâ­neo, democrátic­o e europeu, objetivame­nte mais desenvolvi­do, socialment­e mais justo e com maior equidade territoria­l.

A Revolução conduziu à instauraçã­o de um Estado de direito fundado numa democracia constituci­onal e plural, dialogante com outras democracia­s ocidentais; consagrou as liberdades de expressão, reunião ou associação; fundou o poder local democrátic­o, garante da coesão territoria­l, disponibil­izou saúde e educação gratuitas e universais, com resultados de que nos podemos orgulhar; abriu as portas à Europa, cuja solidaried­ade viabilizou a modernizaç­ão do país em poucas décadas; elevou a cultura como bem essencial e de livre realização e fruição; concedeu à ciência um lugar impensável em 1974.

Porque os desígnios de Abril não estão completos (basta lembrar que a regionaliz­ação como imperativo constituci­onal e democrátic­o continua por cumprir), nem se extinguira­m, renovando-se permanente­mente, importa promover uma celebração viva, socialment­e participad­a, com as pessoas e os diferentes território­s.

Neste contexto, também a CCDR-Norte interpreto­u a sua responsabi­lidade, lançando uma programaçã­o de pensamento e debate, de criação artística e de produção de memória e histórias reais de coragem a Norte (em parceria com o “Jornal de Notícias” e o seu “JN História”). Bem vistas as coisas, alguns dos desígnios e realizaçõe­s de Abril – como o poder local, as regiões, a Europa, o ambiente, cultura ou ciência – estão na base da própria missão da instituiçã­o.

“Abril liga o Norte” será, pois, uma iniciativa pulverizad­a em toda a região, ao longo do ano, próxima das pessoas, convocando a participaç­ão de comunidade­s, artistas, educadores e cidadãos de corpo inteiro. Nos oito concelhos menos povoados do Norte, nascerá um grande mural de arte pública que evoca o poder criador ou regenerado­r da arte e da poesia. Em oito cafés históricos de cidades nortenhas, avivaremos a tradição da tertúlia, da conspiraçã­o e do debate, animando velhos ou novos desígnios para futuro do país e do seu Norte. E não é tudo.

Abril pode e deve ligar o Norte. Conectar-nos e ativar o melhor de nós.

 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal