Jornal de Notícias

Protestos contra atrasos nos vistos de residência

Imigrantes manifestar­am-se frente à AIMA. Tutela diz que é consequênc­ia da extinção do SEF

- Abílio T. Ribeiro* abílio.ribeiro@jn.pt

Cerca de 100 pessoas, sobretudo cidadãos do Bangladesh, Paquistão e Índia, manifestar­am-se ontem à porta da Agência para a Integração Migrações e Asilo (AIMA), em Lisboa, para reclamar contra os atrasos na atribuição dos cartões de autorizaçã­o de residência. O Governo garantiu que está a acompanhar a situação, mas atira responsabi­lidades para o anterior Executivo socialista.

Aos jornalista­s, Abhi Kumal Sharma, um dos representa­ntes destes cidadãos, explicou que os tempos de espera pelos documentos ultrapassa­m os nove meses nalguns casos, quando a legislação nacional prevê a atribuição destes vistos no prazo de três meses.

Ashiqul Islam protestava ao lado da mulher e da filha de nove meses, que já tem nacionalid­ade portuguesa porque nasceu em Portugal. O casal, oriundo do Bangladesh, gostava de levar a filha a visitar os avós, mas não pode sair do país, pois, como não tem a autorizaçã­o de residência renovada, teme não voltar a entrar em Portugal. O imigrante contou ainda que, apesar da filha ter nascido em território luso, ele não pode solicitar apoios sociais pelo facto de não ter o cartão de residência renovado.

Segundo Abhi Kumal Sharma, a autorizaçã­o de residência é necessária para que estes cidadãos possam candidatar-se a um emprego. Como consequênc­ia, as entidades empregador­as dizem-lhes para resolver o problema com a AIMA, enquanto a AIMA lhes pede para esperar.

RECEIO DE NÃO REGRESSAR

Ruhul Hassan Rupok admitiu que, nos últimos três a quatro meses, tem sido essa a sua situação: não consegue trabalho e, ao mesmo tempo, está a passar por

“problemas graves” pelo facto de o pai ter morrido e dele não ter podido estar com a família no Bangladesh por receio de não reentrar em Portugal. Já Maein Uddin Bhuiyan, que tem duas filhas, lamenta que a falta de documentos coloque em causa os apoios sociais a que as suas filhas deveriam ter direito.

O Governo informou que está a acompanhar as circunstân­cias destes cidadãos e denunciou que a “degradação

da situação migratória” é resultado do desmantela­mento do Serviço de Estrangeir­os e Fronteiras (SEF) e “da implementa­ção da AIMA”. Face à extinção do organismo, o Executivo admite que “estão pendentes de decisão centenas de milhares de processos relativos a cidadãos migrantes e verificam-se dificuldad­es sérias no funcioname­nto do sistema de controlo, fiscalizaç­ão, acolhiment­o e integração”.

 ?? ?? Manifestan­tes protestam pela demora da AIMA
Manifestan­tes protestam pela demora da AIMA

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal