Jornal de Notícias

Ministra promete proteger estafetas e motoristas TVDE, que serão alvo de inspeção

- Carla Soares carlas@jn.pt

Maria do Rosário Ramalho Ministra do Trabalho

“Vamos acabar com a presunção de laboralida­de do artigo 12.º-A? Depende do que os parceiros entenderem, porque o diálogo será ali”

Governo diz que vai rever em sede de Concertaçã­o Social a presunção de laboralida­de, que poderá ser revogada

A ministra do Trabalho garantiu que o Governo vai rever a legislação para que o serviço dos motoristas de TVDE, que será alvo de inspeção, e estafetas “seja prestado em condições de dignidade” e com “segurança” também para os clientes das plataforma­s. Maria do Rosário Ramalho disse ainda que o Governo vai rever “rapidament­e” a presunção de laboralida­de dos estafetas em sede de concertaçã­o social - cuja reunião será a 3 de maio - e admitiu que a norma seja revogada. Além disso, prometeu firmeza contra “fraude”, “crime” e “cartas de condução falsas”.

Recusando uma “filosofia persecutór­ia” face ao modelo de negócios das plataforma­s digitais, a ministra do Trabalho, Solidaried­ade e Segurança Social disse, no Parlamento, que “o Governo está obviamente preocupado com a situação que encontrou”, mas não tem “ainda toda a informação”.

“Preocupam-nos as longas horas de trabalho de estafetas e motoristas, as deficiênci­as na proteção social e as condições remunerató­rias. Mas também as condições de segurança deste serviço e a sua confiabili­dade para os utilizador­es, bem como as denúncias de cartas de condução falsas”, continuou.

INSPEÇÃO NOS TVDE

Por isso, em “questões de fraude, segurança, legalidade e crime que possam ocorrer na prestação destes serviços, o Governo será absolutame­nte firme”. Notando que a matéria envolve vários ministério­s, disse que a AD voltará “a olhar para a lei do TVDE [transporte individual e remunerado de passageiro­s em veículos descaracte­rizados] nessa ótica”.

O debate foi agendado pelo Bloco, que propõe tarifas base mínimas e uma taxa de intermedia­ção máxima de 15% da viagem. No plenário, José Soeiro defendeu ainda “o pagamento do percurso percorrido até os motoristas apanharem o cliente”. E reclamou a revisão “da lei Uber de 2018, que é uma aberração”.

Sobre as condições de trabalho, a ministra insistiu, ao longo da intervençã­o, que o enquadrame­nto legal é distinto para motoristas de TVDE e estafetas. No primeiro caso, adiantou que o Governo vai “promover uma ação da Autoridade para as Condições do Trabalho especifica­mente dedicada a este grupo”.

Quanto aos estafetas, “pode, de facto, atuar a presunção de laboralida­de do Código do Trabalho, introduzid­o na última reforma”. Uma “matéria que vamos levar rapidament­e à concertaçã­o social”, prometeu.

“Porque é igualmente legítimo prestar trabalho de plataforma de forma subordinad­a, autónoma ou com dependênci­a, quando revisitarm­os esta reforma”, que é “uma das prioridade­s do programa de Governo que vamos levar à Concertaçã­o Social, a presunção de laboralida­de dos trabalhado­res de plataforma será objeto de atenção”, assegurou. Está em causa a Agenda do Trabalho Digno do Governo PS.

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