Jornal de Notícias

Clóvis Abreu vai a julgamento por morte de polícia

Juíza de instrução criminal pronuncia terceiro arguido que andou fugido um ano e meio

- Rogério Matos justica@jn.pt

O Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa pronunciou ontem o arguido Clóvis Abreu pelo crime de homicídio qualificad­o que vitimou o agente da PSP Fábio Guerra à porta da discoteca Mome, em Lisboa, em março de 2022.

Após o homicídio, Clóvis Abreu andou fugido um ano e meio, até se entregar. Ontem, uma juíza de instrução confirmou a acusação, concluindo que o arguido agiu de forma concertada com os arguidos Cláudio Coimbra e Vadym Hrinko, já julgados e condenados (ler ficha).

Ontem, antes de ser proferida a decisão instrutóri­a respeitant­e a Clóvis Abreu, este voltou a alegar que não se aproximou do polícia na fatídica noite. “Nunca, em qualquer momento, pelo que me lembro, toquei no Fábio Guerra”, declarou, perante a juíza. “Lamento imenso a morte do agente mas não tive qualquer interação com ele”.

O arguido também invocou as imagens de videovigil­ância juntas ao processo para defender que nunca se aproximou da vítima. “Estou envolvido na confusão a agredir e ser agredido, ação e reação, mas não me lembro de quem eram as pessoas que me estavam a agredir”, afirmou Clóvis Abreu.

Instado a comentar as agressões a outros agentes da PSP envolvidos na contenda, o arguido foi aconselhad­o a não responder pelo seu advogado, Aníbal Pinto. Este considerou que o único ponto que levou o seu cliente até esta fase do processo foi o homicídio de Fábio Guerra. “É mentira que tenha dado um pontapé na cabeça de Fábio Guerra e, felizmente, existem imagens”, insistiu.

A juíza admitiu que não existem imagens daquela agressão, mas valorizou as três testemunha­s que atribuem um pontapé a Clóvis Abreu. “O que se passou foi uma ação concertada com outros e indicia que os factos foram praticados em coautoria e assim deve ser indiciado pelo homicídio de Fábio Guerra”, concluiu.

Penas confirmada­s

O Supremo Tribunal acaba de confirmar as penas de 20 e 17 anos de prisão para os ex-fuzileiros Cláudio Coimbra e Vadym Hrinko pelo homicídio de Fábio Guerra e por homicídios tentados contra outros polícias.

Pontapés e soco

Hrinko desferiu um soco e um pontapé na cabeça de Fábio Guerra. Coimbra deu dois pontapés ao polícia já inconscien­te.

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Clóvis Abreu com o seu advogado, Aníbal Pinto

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