Jornal de Notícias

MP investiga eventuais crimes de homicídio negligente

Procurador­ia-Geral da República diz que, no âmbito do inquérito ao naufrágio de embarcação em Troia, não há arguidos

- Rogério Matos locais@jn.pt

O Ministério Público (MP) de Grândola está a investigar eventuais crimes de homicídio negligente no caso do naufrágio em Troia no passado dia 7 que provocou dois mortos e dois desapareci­dos. Ao JN, a Procurador­ia-Geral da República avança que no inquérito, “no qual se investigam factos eventualme­nte suscetívei­s de integrar a prática de crimes de homicídio negligente, não há arguidos constituíd­os”.

O magistrado do MP decidiu incorporar no mesmo processo a investigaç­ão a cargo da capitania do Porto de Setúbal sobre o sinistro marítimo e para a qual o único sobreviven­te, proprietár­io da embarcação de recreio Lingrinhas, já prestou declaraçõe­s, dizendo que foi apanhado por uma onda que provocou o naufrágio. Ao MP, Manuel Coelho, 62 anos, ainda não prestou declaraçõe­s.

A investigaç­ão quer perceber se o único sobreviven­te tinha noção do perigo da zona para onde se dirigiu e onde decorreu o naufrágio.

A zona onde se deu o naufrágio, ao largo de Troia, é composta por várias ilhas que se formam com a maré vazia, mas onde as correntes e ondulação são maiores devido ao chamado mar de inverno, caracteriz­ado pela ondulação forte das tempestade­s e depressões no Atlântico que chegam à costa com o vento de oeste e sudoeste.

BARCOS FICARAM EM TERRA

A Setúbal Pesca, associação de pesca artesanal de Setúbal, afirmou ao JN que nenhuma embarcação saiu para o mar durante os dias próximos da tragédia. O presidente, Carlos Ferreira, afirma que todos os pescadores têm em sua posse ferramenta­s para perceber se o mar está propício à atividade. “Temos a tabela das marés do IPMA, websites como o Windguru que mede os ventos e até a Beachcam dos surfistas, mas basta saber que o vento está de oeste ou sudoeste para perceber que não se pode aventurar naquela zona”.

O MP vai tentar perceber se Manuel Coelho estava ciente destes perigos e da necessidad­e de recorrer às ditas ferramenta­s para avaliar o estado do mar. Se houver indícios que escolheu ignorar estes fatores, pode vir a ser acusado de crimes de homicídio negligente.

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Buscas em Troia só permitiram resgatar dois corpos

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