Defesas antiaéreas chegam à Ucrânia “numa questão de dias ou semanas”
Garantia foi dada pelo presidente do Conselho Europeu, que assegurou que tudo está a ser feito na UE para acelerar a produção de munições. “Eles precisam de mais armas”, assumiu
O reforço da defesa aérea traduz-se na súplica mais incessante da Ucrânia para estancar a agressão russa – seja com os desejados caças F-16 ou com o reforço das baterias Patriot que já operam no território – e conheceu novas garantias na cimeira extraordinária do Conselho Europeu (CE) que ontem terminou em Bruxelas. O presidente do CE, Charles Michel, assegurou que é agora “uma questão de dias ou semanas” até que alguns dos 27 estados que integram o bloco comunitário enviem para Kiev sistemas de defesa antiaérea. Luís Montenegro, estreante na cimeira, assumiu ontem que Portugal não tem condições para o fazer.
“Isto não é uma questão de meses, é uma questão de dias ou semanas”, disse Charles Michel, em declarações aos jornalistas ao final da noite no primeiro de dois dias de reunião dos líderes da União Europeia.
Charles Michel revelou que, no âmbito do bloco dos 27, há estados a equacionar “utilizar mais dos ‘stocks’ de sistemas de defesa antiaérea que têm disponíveis”, em resposta aos reiterados pedidos que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, tem feito nas últimas semanas, a par com o reforço das munições de artilharia.
“É muito importante cumprirmos com as nossas promessas e posso assegurar-vos que todos os intervenientes estão a fazer os possíveis para acelerar [a produção de munições]. Num período curto conseguimos aumentar as nossas capacidades de defesa ao nível da produção, mas precisamos de fazer mais”, assinalou ainda Michel.
O presidente do Conselho Europeu usou mesmo uma expressão em que remeteu para as palavras tantas vezes repetidas pelo chefe de Estado ucraniano: “Não precisamos de mais palavras, eles precisam de mais armas”.
PORTUGAL DE FORA
O primeiro-ministro Luís Montenegro assumiu que Portugal não figura entre os países que têm capacidade de disponibilizar sistemas de defesa antiaérea à Ucrânia, mas salientou que os apelos de Zelensky tiveram forte impacto entre os 27. “Esse apelo caiu fundo em todos os estados da UE e aqueles que têm maior capacidade anunciaram a sua predisposição de, num futuro próximo, poder reforçar essa mesma capacidade, ajudando a Ucrânia”, disse Montenegro, em Bruxelas.
Naquela que foi a sua primeira reunião do Conselho Europeu, o chefe de Governo admitiu que “há países que já o anunciaram, à cabeça dos quais está a Alemanha”, que antecipou mesmo que iria enviar mais um sistema de defesa antiaérea MIM-104 Patriot [de fabrico norte-americano]. “Nós, por exemplo, em Portugal, infelizmente, não dispomos de meios para poder colaborar nesse domínio”, admitiu Montenegro.
TERCEIRA GUERRA MUNDIAL
Em declarações à BBC, o primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmyhal, alertou para a possibilidade de uma terceira guerra mundial caso a Ucrânia saia derrotada da guerra. “Se não a protegermos, a Ucrânia cairá. O sistema de segurança global será destruído e todo o Mundo terá de encontrar um novo sistema de segurança”, alertou Shmyhal.
Na ilha italiana de Capri, onde decorre até hoje a reunião dos chefes da diplomacia do G7, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, voltou a apelar à Câmara dos Representantes, de maioria republicana, que aprove o pacote de ajuda financeira à Ucrânia, há meses bloqueado.