Jornal de Notícias

“Chuva sem precedente­s” afeta portuguese­s no Dubai

A precipitaç­ão que atingiu o território esta semana foi a mais intensa dos últimos 75 anos e supera todos os recordes registados nos Emirados Árabes Unidos

- Alice Carqueja alice.carqueja@jn.pt

INUNDAÇÕES Ruas alagadas, pessoas presas no trabalho e caos generaliza­do. Foi este o cenário que se abateu sobre o Dubai no início desta semana, num emirado habituado a chuva, mas que não está preparado para o nível de pluviosida­de registado. Portuguese­s a residir no território relataram ao JN as dificuldad­es que ainda se fazem sentir e como conseguira­m contornar os problemas.

Um português residente em Marina, no Dubai, que pediu para não ser identifica­do, contou ao JN que, na quarta-feira, “já não havia água” no supermerca­do, embora não tenha sentido a falta de comida nas prateleira­s.

“Todos os meses chove”, diz este emigrante, já habituado a fazer teletrabal­ho quando a meteorolog­ia dificulta os acessos ao escritório. “O Dubai implementa logo teletrabal­ho, pelo menos para os funcionári­os públicos”, explicou.

No seu caso em particular­ar, mora perto do local do trabalho, o que lhe permitiu deslocar-se ontem ao escritório. No entanto, no regresso, “não havia táxis, não havia metro, não havia bicicletas” ou qualquer outro meio de transporte. Um outro português que reside no Dubai, e que também preferiu manter o anonimato, realçou que, no emirado, “levam a segurança muito a sério e com estradas alagadas, transporte­s públicos parados e tempo perigoso, foi sugerido por empresas e entidades governamen­tais que ficassem em casa”.

“FOI O CAOS”

O mau tempo destes últimos dias foi inesperado , não estando o país preparado para níveis de precipitaç­ão tão elevados, faltando mecanismos de escoamento da água. “Foi o caos”, admitem as fontes ouvidas pelo JN.

Ainda assim, o Governo está a “apoiar o máximo que pode” a população, dando alimentos e água a quem não tem acesso.

Foram relatados ao JN casos de pessoas que passaram por situações mais complicada­s como, por exemplo, uma hospedeira de bordo que está no aeroporto desde as 15 horas de quarta-feira, sem conseguir regressar a casa, devido ao cancelamen­to dos voos. Um colega do trabalho, devido às inundações, apenas conseguiu sair do escritório às 4 da manhã do dia seguinte. Há ainda pessoas cujas “casas alagaram” com a chuva.

VOOS CANCELADOS

A principal companhia aérea do Dubai, a Emirates, cancelou todos os check-ins na quarta-feira, enquanto funcionári­os e passageiro­s tentavam aceder ao aeroporto, com estradas de acesso inundadas e serviços do metro suspensos.

Segundo Ana M., uma assistente de bordo portuguesa da Emirates, o aeroporto está a enfrentar “graves repercussõ­es”, mas a situação está a normalizar de forma gradual.

“O sol já brilha, mas o aeroporto do Dubai, um dos mais movimentad­os do Mundo, está ainda a recuperar”, salienta. Embora não tenha informação interna sobre quando é que o aeroporto voltará a funcionar sem perturbaçõ­es, Ana M. acredita que “seja uma questão de dois ou três dias”.

Ana M. Assistente de bordo da Emirates

“Já não há água em excesso e as pistas estão desobstruí­das, mas ainda há falta de pessoal e centenas de pessoas à espera para apanhar voos”

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Forte precipitaç­ão provocou inundações nas ruas, corte das estradas, metros suspensos e voos cancelados

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